Eles têm aquela energia que emana dos jovens de 25 anos, recém-saídos da academia, com sede de viver e acontecer na profissão. Parece clichê de revista pós-teen, mas é exatamente essa a impressão na conversa com Lorenza Vieira e Diego Malicheski, curitibanos que mesmo num cenário desfavorável se lançaram em 2016 na aventura de inventar moda própria. Eles são os representantes da novíssima geração de estilistas locais, que começou o negócio com a venda da primeira peça. Trazem em comum o empreendedorismo e a ideia fixa de que tudo ao seu tempo vai dar certo. Ela assina a camisaria Stitch; ele, a marca feminina Rocio Canvas.
Bacharel em design, Lorenza se interessou por moda como muitas meninas por meio das Barbies, que vestia com a ajuda da avó. Na adolescência, por falta de grana, transformava as camisetas do pai para uso próprio. Já adulta, depois de uma rápida passagem pelo curso de comunicação, optou pelo de design. Mas a moda não saiu de cena e veio a formação paralela: desenho técnico, corte e costura, modelagem, personal stylist e os bicos como figurinista e vitrinista. Quando foi chamada à prática no estágio obrigatório, a primeira peça costurada foi uma camisa, imagem retirada de suas memórias de menina quando adorava escolher a roupa que o pai iria usar. Essa foi a senha para a Stitch, batizada assim em referência a uma frase da música “This Charming Man” (Este Homem Charmoso, em português), do The Smiths.
Eles têm aquela energia que emana dos jovens de 25 anos, recém-saídos da academia, com sede de viver e acontecer na profissão.
A identificação com a moda também remonta à infância de Diego, que ficava aos pés das máquinas das avós. Graduado em Design Gráfico, complementou a formação no curso de Design de Moda no Senai. O rapaz é sem dúvida o enfant terrible de uma linhagem de excelentes designers formados pela instituição. Sua coleção experimental de formatura, confeccionada em um único tecido – malha dublada -, arrancou elogios de jornalistas especializados, surpreendidos pela qualidade, maturidade e precisão. São roupas com uma linguagem contemporânea, calcadas no estudo do design de volumes, recortes e sobreposições. Foram imediatamente para teste com o público, sendo vendidas na inauguração da loja NovoLouvre, no Pátio Batel.
A novo marca do shopping, aliás, faz parte da história da dupla LoDi. Mariah Salomão, diretora criativa do NovoLouvre e a quem ambos ainda chamam carinhosamente de “boss”, é uma espécie de fada madrinha para Diego e Lorenza. Eles entraram como estagiários no ateliê da marca, no Centro Histórico, passaram por todas as funções da cadeira de criação, e saíram com maturidade para enfrentar os pespontos irregulares do mercado de moda.
Lorenza ainda pode ser vista equilibrando fardos de tecidos e sacolas com aviamentos pelas ruas e ônibus da cidade. A produção é enxuta, com algumas dezenas de peças. A Stitch tem quatro modelos em algodão nos tamanhos P,M,G com estampas diferentes e uma recente incursão pelo jeans e um modelo de casaco. “No momento, tudo o que faturo é reinvestido na marca. Minha maior satisfação é quando alguém veste uma camisa minha e se identifica”, diz.
Diego divide o tempo entre a Rocio Canvas e a criação para a Felini, uma condição que ele quer manter como parte de sua experiência. Se a primeira coleção própria foi inspirada na mãe, dona Rocio, que também batiza a marca, a aguardada cápsula de verão vem com as referências paternas. A ideia é manter o ritmo slow fashion com poucos modelos e estampas exclusivas e focar a produção para a venda no atacado.
Onde encontrar
Stitch – www.stitchwear.com.br
Vende: no site, loja Álbum Design Hits, bazares itinerantes e em breve estará nas lojas Moko e no NovoLouvre do Pátio Batel – piso L3;
Rocio Canvas – www.rociocanvas.com.br
Vende no NovoLouvre do Pátio Batel.