Em 2007, quando tinha apenas 16 anos, o jovem artista paulistano Olavo Cavalheiro encarou um desafio e tanto, que mudaria para sempre sua vida. Talentoso e bastante dedicado a tudo que faz, ele enfrentou o concorrido processo de audições da Disney para o reality show High School Musical: A Seleção.
A disputa, que colocava em evidência as habilidades dos participantes com canto, dança e interpretação, teve mais de 30 mil inscritos e apenas 4 mil selecionados, que encararam uma primeira seletiva bastante emocionante no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Da peneirada inicial à participação no programa, exibido pelo SBT e pelo Disney Channel, Olavo foi vencendo cada etapa até chegar à grande final.
Vitorioso, Cavalheiro, Renata Ferreira, Fellipe Guadanucci, Paula Barbosa, Moroni Cruz, Beatriz Machado, Samuel Nascimento e Karol Cândido foram os escolhidos para protagonizar o primeiro filme da companhia inteiramente produzido no Brasil. “A importância deste projeto em minha carreira e vida é tão grande que, ainda hoje, apenas consigo fazer um balaço parcial desta experiência. Isso porque ela ainda influi em projetos e em minha vida profissional. Além de ter crescido e aprendido muito nos 5 anos que trabalhei na Disney, conheci pessoas que, até hoje, são presentes na minha trajetória. Este período da minha vida me trouxe amigos, colegas de trabalho e aprendizados que eu levarei pra sempre. Sem dúvida foi o grande marco da minha vida até hoje”, revela o artista em entrevista à coluna “Vale um Like”.
Após a estreia de High School Musical: O Desafio nos cinemas brasileiros, em fevereiro de 2010, Olavo, hoje com 28 anos, não parou mais. Participou de séries da Disney e do Multishow, foi destaque em importantes musicais, como Quase Normal, desenvolveu suas habilidades para a dublagem – em projetos como Toy Story 3 e Frozen – e passou três anos na Europa aperfeiçoando o talento com o intuito de realizar outro sonho: trabalhar como diretor.
Confira a íntegra do bate-papo com Olavo Cavalheiro:
Escotilha » Você participou de importantes musicais sob a batuta de Tadeu Aguiar (renomado diretor de teatro e ator). Como foram essas experiências e o que mais o atrai nesse gênero de espetáculo?
Olavo Cavalheiro » O Tadeu, que interpretou meu pai no filme High School Musical: O Desafio, foi o grande responsável pelo meu ingresso neste mundo do teatro musical e eu sou eternamente grato a ele por isso. Este ano eu completo 20 anos desde a primeira vez que subi num palco, mas foi em 2011 minha estreia nos musicais, em uma produção do Tadeu Aguiar e do Eduardo Bakr chamada Baby – O Musical, no Rio de Janeiro. Foi uma experiência única e inesquecível, pois pela primeira vez eu tinha que, ao vivo, cantar, dançar e interpretar diariamente em um teatro com mais de mil lugares.
É comum atores iniciantes me perguntarem por onde começar e minha resposta é sempre a mesma: pelo teatro. O palco não permite erros e, ao mesmo tempo, nada é erro neste solo sagrado, uma vez que se saiba o que fazer. Não há, para o ator, preparação melhor do que o teatro. Desde o que fazer nos bastidores, até a performance em si. O que me atrai no gênero musical é que ele eleva ainda mais a exigência aos artistas por reunir muitas habilidades em um mesmo projeto, além de promover uma experiência muito completa aos espectadores.
A dublagem se tornou um outro importante diferencial na sua carreira. Que habilidades essa atividade promoveu na sua formação artística?
Atenção, foco, concentração, estar presente no momento, entre outras. Em minha carreira, eu tive o privilégio de já ter feito cinema, dublagem, TV e teatro. De tudo isso, a dublagem foi, e ainda é, o que mais me desafia. Esta arte requer concentração total – desde o momento que se entra no estúdio até o momento de ir embora. Não há tempo a perder e errar não pode ser uma constante. Junto ao profissionalismo e competência extremos, a dublagem exige criatividade e capacidade de transmitir emoção e intenções apenas por meio da voz. Mesmo sendo tão difícil, é apaixonante! Ouvir sua voz em personagens que marcaram gerações é uma sensação indescritível.
Por 3 anos, você trocou o Brasil pela Europa. Além de investir no seu desenvolvimento artístico, você passou também a formar profissionais. Que experiências acumulou nesse período?
Morar sozinho não foi novidade, mas ficar longe da família e de tantos amigos queridos foi novo e muito duro. Acredito, porém, que ninguém cresce na zona de conforto, então sou grato por essa passagem da minha vida e sei que aprendi muito com ela. Na Inglaterra tive a oportunidade de iniciar minha carreira como diretor, que era um sonho e um objetivo antigos. Tive o privilégio de dirigir grandes artistas e de me preparar com outros tantos excelentes profissionais em cursos de primeira linha em Londres e Madrid. Também dirigi projetos teatrais na Alemanha e me tornei preparador de atores, podendo auxiliar artistas na condução de suas carreiras e no aprimoramento e aprofundamento de suas técnicas e ferramentas, o que os ingleses chamam de “toolbox”.
Acredito que ‘High School Musical’ marcou época por estar muito conectado ao que seu público gostaria de ver e sentia naquele momento.
De volta ao Brasil, quais são nesse momento os seus principais planos?
Voltei querendo trazer e aplicar tudo que aprendi lá fora como diretor. Amo minha carreira de ator, dublador e cantor e estou aberto e empolgado com a possibilidade de novos projetos por aqui. O momento, porém, é de foco total na carreira de diretor, seja para o teatro, cinema ou TV. Já existem planos e projetos em andamento, mas que ainda não posso revelar.
A Disney deve lançar uma série baseada em High Scholl Musical para o lançamento de sua plataforma de streaming. Por que esse projeto marcou uma geração e ainda é tão presente entre as crianças e adolescentes?
É muito difícil tentar explicar um fenômeno, se fosse fácil entender, todos nós já teríamos criado um. Acredito que High School Musical marcou época por estar muito conectado ao que seu público gostaria de ver e sentia naquele momento. A qualidade técnica, especialmente no último filme da série, é incontestável. Confesso que eu mesmo assisto às vezes ao High School Musical 3 repetidamente. Me fascinam os números musicais concebidos com uma linguagem tão teatral. Kenny Ortega é um gênio que soube fazer bem feito e na hora certa o que a Disney e o público queriam. Eu me sinto um privilegiado por ter feito parte desta história incrível e de tanto sucesso.