A coluna “Vale um Like” retoma a série especial em comemoração ao 40º aniversário de estreia do programa Sítio do Picapau Amarelo, uma produção da Rede Globo em parceria com a TVE e o MEC. Nesta semana, dedico atenção especial a Memórias da Emília, que talvez seja um dos mais interessantes títulos da série de livros infantis publicada por Monteiro Lobato.
Lançada em 1936, a obra foi adaptada por Wilson Rocha, sob a coordenação de Benedito Ruy Barbosa, para a tevê em 1978. Em 2008, por conta das três décadas de sua exibição, Memórias da Emília também foi lançada em DVD e, recentemente, foi disponibilizada no Globo Play.
Pela complexidade da personagem, tida pelos “lobatólogos” como o alter ego de Lobato, [highlight color=”yellow”]a obra é referência obrigatória para quem busca conhecer mais detalhes desse universo mágico[/highlight] e também para entender melhor os pensamentos da temperamental boneca de pano. Na adaptação de Memórias da Emília, o elenco, sob a direção de Geraldo Casé, contava com Zilka Salaberry (Dona Benta), Jacira Sampaio (Tia Nastácia), Reny de Oliveira (Emília), André Valli (Visconde), Júlio César (Pedrinho), Rosana Garcia (Narizinho), Samuel Santos (Tio Barnabé), Tonico Pereira (Zé Carneiro), Canarinho (Garnizé), Romeu Evaristo (Saci), Stella Freitas (Cuca), entre outros.
O DVD de Memórias da Emília, que vem com 2 discos, é um material recomendado a colecionadores e aos apaixonados pelo trabalho de Monteiro Lobato, além de ser um documento importante da história da televisão brasileira. O depoimento emocionante do saudoso Geraldo Casé já vale a aquisição.
Mesmo sem contar com os aparatos tecnológicos disponíveis hoje, o entrosamento do elenco e a direção cuidadosa são suficientes para criar o clima perfeito para embarcar nessa viagem rumo ao sítio de Dona Benta. Como a história percorre lembranças de Emília, volta e meia nos deparamos com narrativas fantásticas e muito bem contadas na tevê. Uma delas é a do Minotauro, uma das preferidas dos fãs do seriado.
Memórias da Emília é também uma espécie de tratado de filosofia assinado pela sensacional boneca. Basta recordar, por exemplo, do diálogo da personagem com o Visconde a respeito do significado da vida: “A vida das gentes deste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim, pisca pela última vez e morre”, solta a personagem.
Memórias da Emília é também uma espécie de tratado de filosofia assinado pela sensacional boneca.
Não satisfeito por completo, Visconde a cutuca: “E depois que morre?”. Sem titubear, a boneca dispara: “Depois que morre vira hipótese. É ou não é?”. Fica a reflexão!
Vale a pena lembrar que, além de Benedito Ruy Barbosa e Wilson Rocha, o time de roteiristas do programa contava com Maria Clara Machado, Luís Fernando Verissimo e Lúcia Machado de Almeida. O programa teve ainda o reforço de estudos linguísticos desenvolvidos por uma equipe da Unicamp. Não à toa, tornou-se um clássico da televisão brasileira.
Confira um trecho de ‘Memórias da Emília’
https://youtu.be/NiFbZ7Ur69M