Decidi trazer à berlinda o clipe de “Are You Lost in The World Like Me?” (“Você Está Perdido no Mundo Como Eu?”), do cantor, músico, DJ e fotógrafo norte-americano Moby, para propor uma reflexão. Na reta final da 19ª edição do Big Brother Brasil, uma das mais insossas da história do bem-sucedido reality show da Rede Globo, chama a atenção as reações provocadas pela atração na web.
Ao que tudo indica, o reality deve ter como campeã Paula Von Sperling, 28 anos, de Lagoa Santa (MG), que se popularizou por seus discursos carregados de preconceito racial e religioso. Apesar das polêmicas, uma rede engajada de haters decidiu referendar o posicionamento da bacharel de Direito, impulsionando a permanência da participante no programa em detrimento de outros confinados – que sofreram, inclusive, ameaças pesadas e extensivas às suas famílias na net. Não à toa, muitos deles já procuraram a justiça diante do turbilhão de agressões e injúrias.
Em meio a essa polêmica, recordei do clipe de Moby, lançado em 2016. Em uma animação, um garoto se vê às voltas com um mundo individualista, preconceituoso, frio, violento e que valoriza demasiadamente a imagem.
Em meio a essa polêmica, recordei do clipe de Moby, lançado em 2016. Em uma animação, muito bem produzida por Steve Cutts e que remete à estética dos desenhos animados dos anos de 1930, um garoto se vê às voltas com um mundo individualista, preconceituoso, frio, violento e que valoriza demasiadamente a imagem.
A canção, uma das boas surpresas do projeto Moby & The Void Pacific Choir (aliás, vale a pena conferir o álbum These Systems Are Failing), ganhou um vídeo de tirar o fôlego. Não se trata aqui de negar os méritos e benefícios trazidos pela tecnologia, mas sim de entender como ela pode contribuir para reforçar estereótipos e provocar o isolamento. Afinal de contas, como é o nosso dia a dia além das redes sociais e dos aplicativos?
Reflexão
O clipe pede pelo menos um minuto de reflexão. Aquele momento em que paramos, olhamos à nossa volta e percebemos o outro. Será que nos acostumamos a ficar tanto tempo com os olhos vidrados na tela e, sem notar, deixamos a vida correr a passos largos?
Será que realmente não estamos todos um pouco perdidos no mundo? Fora isso, o ambiente virtual deixou muita gente confortável para compartilhar o que há de pior em seus pensamentos e sentimentos.
Pela velocidade, agilidade e facilidade de distribuição de toda sorte de conteúdos – para o bem ou para o mal –, a rede se tornou espaço propício para deflagrar rancores, calúnias e maldades das mais variadas. Por isso, principalmente entre crianças e adolescentes, faz-se necessário estabelecer filtros e criar uma coerente rede de proteção e questionamento a respeito de tudo que é postado. Um desafio e tanto, mas realmente urgente para assegurar uma rotina virtual saudável. Fica o alerta…