• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Crônicas Alejandro Mercado

Sabe a Cláudia?

porAlejandro Mercado
26 de junho de 2015
em Alejandro Mercado
A A
"Sabe a Cláudia?", crônica de Alejandro Mercado

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

– Sabe a Cláudia?
– Que Cláudia?
– Aquela, com carinha de puta, do almoxarifado…
– Hum… Não tô lembrado.
– Mano, aquela com uma cara de quem tem Síndrome de Down; cabelo pixaim; vem trabalhar com umas roupas que parecem de mendigo; quadril de hipopótamo…
– Ah, tô ligado! Porra, por que não falou logo? Claro que sei! A turma lá da conferência chama ela de coxinha humana.

Não sei exatamente quando isso surgiu, mas em algum momento na história da humanidade decidimos que a melhor forma de nos referirmos a alguém é procurando elencar o que, aos nossos olhos, sejam suas piores características. Lúcia, artista plástica, escritora e doutora em História da Arte se torna “a magricela pescoçuda com pincel”; João, a bichinha pão com ovo com voz de menininha; Gustavo, o gordo branquelo que parece o Stay Puft.

Perdemos nomes, qualidades, potencialidades. Somos colocados em uma lista sem qualquer identidade, unidos pelo humano fato de sermos quem somos. Não seriam nossas diferenças a razão maior para querermos conhecer ao próximo? Chego a pensar que, inconscientemente, queremos encontrar a gênese da distorção no outro, de forma que continuemos mascarando nossas próprias imperfeições.

“Somos singulares demais quando necessitaríamos ser mais plurais. Infelizmente, nem tudo se resume a flexões gramaticais de número.”

Não é apenas uma questão de refletir sobre o bullying – já que a agressão moral, verbal ou física é muito mais representativa do que odiamos em nós mesmos-, mas sim a evidência de que viver em sociedade já não nos interessa. Gostamos do gueto. Não o que esta à margem dos processos humanísticos, mas aquele onde nossa boçalidade é permitida, quando não reverenciada.

Também não enxergo o mundo sob a ótica do politicamente correto, frase mais utilizada em tom crítico a quem se opõe às distorções da vida, do que como norte de nossas relações. Acredito, talvez inocentemente, que precisamos nos conhecer, aceitar e amar antes de entrarmos em contato com outro ser humano. Não que isto vá mudar o mundo da água para o vinho, mas quem sabe impeça que, dia após dia, reproduzamos e introjetemos nossas frustrações na autoestima alheia.

Lembro que minha mãe sabiamente disse, em um desses diálogos despretensiosos que tivemos ao longo da vida, que se nossa mente tivesse um alto-falante, provavelmente viveríamos corados, envergonhados pela pequenez de nossos mais íntimos pensamentos. Creio que hoje, na roda louca das voltas do mundo, fico corado eu por pensar que o mundo deveria ser diferente. Somos singulares demais quando necessitaríamos ser mais plurais. Infelizmente, nem tudo se resume em flexões gramaticais de número.

Tags: bullyingCrônicapensamentos

VEJA TAMBÉM

"A louca da casa", crônica de Alejandro Mercado.
Alejandro Mercado

A louca da casa

29 de setembro de 2017
"A eternidade de Dona Sebastiana", crônica de Alejandro Mercado.
Alejandro Mercado

A eternidade de Dona Sebastiana

15 de setembro de 2017
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Retrato da edição 2024 da FIMS. Imagem: Oruê Brasileiro.

Feira Internacional da Música do Sul impulsiona a profissionalização musical na região e no país

4 de junho de 2025
Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.