A internet veio e com ela várias carreiras precisaram se reinventar, especialmente na área da comunicação. Relações Públicas, Publicitários e Jornalistas viram seu espaço (que já não era lá apenas tão seu) ser tomado por inúmeras pessoas que, da noite para o dia, eram especialistas em “gestão de relacionamento”, “redatores de conteúdo”, “geradores de engajamento” e, na minha opinião, a pior das piores: webcelebridades.
Não tiro o mérito do esforço de ninguém, apenas acredito que o termo especialista não é o melhor a ser utilizado neste contexto. Pior ainda chamá-los de celebridades. Sem dúvida que muita gente demorou a compreender esse fenômeno midiático incrível (para o bem e para o mal) que é a internet. Eruditos acreditavam inicialmente que se tratava de algo passageiro. Depois, que não era um lugar para assuntos sérios. Aí, quando a ficha caiu, já era um pouco tarde.
Nesse meio tempo, muita gente foi tomando conta dos espaços nas redes sociais. MySpace, Tumblr, Blogger, WordPress, Orkut, Fotolog, Twitter, Facebook, Instagram, YouTube – só para ficar nas mais relevantes – ganharam seus reis e rainhas. Sim, no plural, afinal, o reino era grande demais e repleto de súditos ávidos por gente feliz, alegre e meio sem pé nem cabeça.
Boa parte da estratégia foi misturar o oversharing (compartilhamento exagerado de informações, inclusive algumas de cunho íntimo), frases de efeito no melhor estilo autoajuda e uma maquiagem de “gente como a gente”. Dificilmente uma subcelebridade é antipática. De modo geral, são atenciosos, companheiros, alegres e, acima de tudo, cheios de opinião sobre tudo. E, por mais que possamos não gostar, não há nenhum problema com isso. Ou seja, “leave Britney alone”, digo, menos recalque, né amiguinhos?
Acredito que muitos assuntos tomam relevância e proporção descabida conforme a atenção que lhes é dada. Somos, pois, os responsáveis pelos monstros midiáticos que surgem dia após dia nas mais variadas redes sociais. Se lançam livros, ganham programas na TV ou os melhores empregos do mundo, bem, isso pouco me importa. Não sou o público deles e, se você também não o é, para que tantos fios de cabelo pelo chão e rugas de expressão na face?
“Não sou o público deles e, se você também não o é, para quê tantos fios de cabelo pelo chão e rugas de expressão na face?”
Kéfera, Felipe Neto, PC Siqueira, Danilo Gentili, Marimoon, Cauê Moura e toda a “turminha do barulho” das subcelebridades que surgiram na internet nos últimos 10, 15 anos são, na minha modesta e humilde opinião, relevantes. Para mim? Não, mas para o público a quem pretendem se comunicar, sim. Isso significa que a internet, a TV e a literatura são lugares piores pela existência destas pessoas? Olha, veja bem.
A cultura pop (ou cultura de massa) muda de geração para geração. Ela é e sempre será contemporânea ao seu tempo e lugar. E não, não será melhor ou pior. São formas de linguagem muito particulares e que se comunicam desta forma por serem representativas dos padrões comportamentais desta geração. A minha também viveu o apogeu de celebridades instantâneas, obviamente sem tanta repercussão, já que a internet ainda engatilhava lá em 1995. Mas veja só, cultivamos até a adoração por uma ovelha clonada que, hoje, o máximo que nos faz recordar é o nome de um refrigerante com sabor um tanto duvidoso. E não, não me venha dizer que ela foi importante para a genética e que estou falando bobagens, até porque não estou tratando da ciência, mas do fato que a Dolly foi capa de revistas, matéria dos principais jornais e programas, ganhou pôsteres, análises e reflexões. Ela, não os cientistas. Notou a semelhança?
O tempo passa, a expectativa de vida tem aumentado e, não sei se você sabe, mas em breve, essas mesmas pessoas que você ama odiar enfrentarão o desafio do tempo. E mais: surgirão outras. Se entrarão definitivamente para a história ou serão marcadas como one hit wonders da cultura popular, só o futuro dirá. E bem, apesar do Mercado no sobrenome, não tenho parentesco com o moço do “ligue djá” e, por isso, nenhum poder psíquico.