Primeira temporada:
S01E01 – “.ppt”
Uma família se reúne no domingo para comer polenta com frango e é acometida por uma tragédia: o wi-fi da casa da avó não está funcionando. A octogenária chora, pois não conseguirá pesquisar as receitas da Ana Maria Braga. O filho e sua esposa não a consolam, pois estão angustiados por não saberem se alguém curtiu as fotos da Octoberfest. Aquela do tio Miro vomitando atrás do Fusca ficou ótima. Os netos estão divididos: a jovem gótica suave finge não se importar, toma mais vinho do que todo mundo, enquanto fantasia que a avó tão triste à mesa é uma personagem de um conto da Clarice Lispector. Já o jovem não consegue disfarçar a mão tremendo. Olhando para o celular que respira por aparelhos em cima da mesa, ele questiona o sentido da vida e constata que a existência é um vídeo no YouTube sem nenhuma visualização. Quando o almoço é servido, ocorre um plot twist: eles começam a conversar. Todos ficam espantados, pois eles ainda não conheciam o som da voz uns dos outros. Quando começa a tocar uma música feliz, a câmera se afasta, estamos vendo a tela de um computador. Tudo não passava de uma apresentação de Power Point utilizada por um palestrante de autoajuda.
S01E02 – “Black Block”
Carlos Bronson era moderador de um fórum de debates sobre um antigo filme chamado Tropa de Elite, na época em que cursava ensino médio num colégio militar à noite e trabalhava como estagiário de anti-telemarketing durante o dia. Não saía de casa sem a sua metralhadora naquela época, pois queria ser efetivado logo. Corte rápido, ouvimos “Roots Bloody Roots” do Sepultura, numa versão de David Guetta Jr, enquanto vemos Bronson mais velho correndo pelas ruas numa Curitiba futurista (mas bem limpinha), empunhando um cassetete em forma de sabre de luz que ele vai largando nas costas de criminosos que usam moletons pretos ou jalecos de professores. Um letreiro informa que ele se tornou o secretário de educação do governo Beto Richa Neto Terceiro. Outro corte rápido, agora ouvimos Wesley Safadão em versão Acústico MTV, enquanto a câmera passeia por um apartamento futurista, cheio de móveis futuristas onde Carlos beija a esposa com cabelo futurista, uma ex-moderadora de um fórum sobre a novela A Usurpadora do SBT (antigo guilty pleasure de Bronson). A câmera dá um zoom no pão com vina sintética que ela está comendo e depois desvia para a sala, onde Carlos liga o seu X-Box Eleven, enquanto seu filho adolescente, que aparentemente odeia coisas tão antigas como videogames, está na sacada atirando ovos pintados com as cores da bandeira do Brasil em robôs mendigos lá embaixo. O garoto solta uma gargalhada monstruosa e maniqueísta ao acertar uma robô com um robozinho no colo, então o som vai ficando distorcido até que ouvimos sons de panelas batendo em versão techno quando de repente tudo fica em silêncio e a luz acaba. E acaba também o episódio, mas a tela fica preta, sem letreiros nem nada, parecendo que algo profundo aconteceu e disfarçado a falta de sutileza do episódio.
Quando o almoço é servido, ocorre um plot twist: eles começam a conversar. Todos ficam espantados, pois eles ainda não conheciam o som da voz uns dos outros.
S01E03 – “Especial de Natal”
O clone 2046B do cantor Roberto Carlos, num cenário que simula o calçadão de uma praia, com o termômetro apontando 40 graus e vários pinheirinhos enfeitados com neve de algodão ao redor, interrompe o seu especial na Globo para contar três histórias: a primeira se passa num futuro distópico em que uma mulher tenta cancelar o seu plano da TIM… e consegue. A segunda fala sobre um Portal Commentator stylist que ganha o Nobel de Literatura “por sua importante contribuição para o desenvolvimento da fanfic ambidestra em todo o mundo”. A última história fala sobre uma adolescente que completa 24h seguidas jogando League of Legends, chega atrasado na prova do Enem e passa a questionar a realidade ao ser consolado no portão por uma mulher que diz se chamar O Oráculo, mas que é na verdade a Grávida de Taubaté. No final, todos os personagens sobem ao palco com Roberto Carlos 2046B, dão as mãos e cantam juntos “Hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou…”.