Andei lendo a biografia do Charles Manson por esses dias (nada como uma leitura leve para colorir os dias cinzas, não é mesmo?) e me senti um tanto perplexo quando descobri os métodos utilizados por ele para dominar pessoas e conseguir mais seguidores. Não porque eles fossem originais ou convincentes, justamente o contrário, fiquei fascinado com o fato de que ele conseguiu atrair tanta gente com um papo tão furado.
Pra quem eventualmente não conhece a figura, Manson foi julgado e condenado por uma série de assassinatos cometidos no final dos anos 60 nos EUA. O caso é famoso, pois a maioria das mortes, incluindo a da atriz Sharon Tate, então esposa do cineasta Roman Polanski e que estava grávida na época, não foram cometidas exatamente por Charles, mas sim pelos seguidores da seita que ele criou.
Em resumo: jovens aparentemente comuns invadiram mansões em Los Angeles e esfaquearam várias pessoas, simplesmente porque o seu líder que queria ficar famoso mandou. É isso.
Sabemos que nós seres humanos, tanto jovens, quanto adultos, costumamos fazer coisas meio estúpidas, como comprar Crocs (eu disse Crocs, não crack), doar o salário para uma igreja falcatrua ou comer merda porque algum ator famoso, algum líder espiritual ou youtuber falou que era bacana.
Sabemos que nós seres humanos, tanto jovens, quanto adultos, costumamos fazer coisas meio estúpidas, como comprar Crocs (eu disse Crocs, não crack), doar o salário para uma igreja falcatrua ou comer merda porque algum ator famoso, algum líder espiritual ou youtuber falou que era bacana. Mas entre comprar um calçado ridículo e matar uma pessoa há uma pequena distância. Então, como é que aqueles crimes tão insanos puderam acontecer?
Charles Manson era um maluco (ou quem sabe um gênio psicótico) bastante criativo. Após estudar o livro de autoajuda Como fazer amigos e influenciar pessoas, ele inventou uma teoria apocalíptica que envolvia a Bíblia Sagrada, a cientologia (aquela do Tom Cruise) e as músicas dos Beatles, em especial as do The White Album.
Aproveitando o clima tenso das lutas pelos direitos civis em vários países, Manson começou a dizer para as pessoas que após anos de escravidão o mundo entraria em equilíbrio novamente com os negros tomando o poder que lhes era de direito e então eles passariam a matar todos os brancos. Quando o momento da revolta chegasse, o qual ele passou a chamar de Helter Skelter, numa interpretação muito própria e despirocada da música do grupo inglês, os brancos precisariam de um líder para guiá-los para a terra prometida no meio do deserto.
Este líder era Jesus Cristo. E Charles Manson, é claro, era a encarnação dele em versão riponga.
Fato curioso é que Manson tinha pavor que seus seguidores questionassem as contradições e a completa falta de sentido de seus discursos. Então, visando que seus discípulos não tivessem tempo nem mesmo para pensar com clareza, além de entupir todo mundo com LSD, ele os mandava trabalhar o tempo todo, mesmo que em tarefas sem sentido, só para eles se sentirem exaustos a ponto de não conseguirem raciocinar.
Este método de domínio é antigo e Manson só o reproduziu nos anos 60. E se levarmos em conta que um determinado governo em exercício chegou a utilizar o slogan “Não pense em crise, trabalhe”, podemos perceber que esse negócio de tentar conquistar o poder fazendo com que as pessoas se tornem submissas através da ignorância se trata de método bem atemporal.