- Compro mais livros do que consigo ler. Mas não é pose, eu acho, nem muito menos enfeite pras visitas já que nem sou assim de receber visitas (em todo caso ligue antes, sempre).
- Leio, leio muito, mas nunca dou conta de ler tudo. Culpa já não sinto, mas que dá uma tristeza lazarenta, isso dá.
- Dá uma alegria também. Aquelas prateleiras inchadas, aquelas pilhas desorganizadas em cima do sofá escondem o controle remoto da TV, o celular, a conta de luz e a minha angústia. Elas são também a minha melhor tentativa de compreender o mundo. Uma infinidade de universos e possibilidades a cada lombada. Um monte de coisas incríveis que eu não sou nem nunca serei.
Bate uma angústia de terminar o livro e aquele mundo deixar de existir. Para onde vão os personagem quando não estamos mais olhando? Espero que fiquem bem, que não sofram tanto.
- Às vezes me sinto mais vivo ali na solidão do livro do que aqui do lado de fora, sem a capa dura pra proteger das intempéries. Sempre que possível, escapo da vida e me escondo num livro. É uma fuga meio besta, pois ali dentro também tem vida para todos os lados.
- Há dias em que esqueço um exemplar em casa e aí a mochila vazia traz aquela facada no estômago de quem bate a mão no bolso de trás do jeans e a carteira não está lá. E se eu tiver que enfrentar uma fila hoje?
- Às vezes o livro conversa diretamente comigo, revira meu passado, expõe meus segredos e grita na minha cara tudo aquilo que eu nunca tive coragem de dizer. Nesses casos, eu fecho a capa discretamente e olho pros lados pra ver se mais alguém ouviu.
- Bate uma angústia de terminar o livro e aquele mundo deixar de existir. Para onde vão os personagem quando não estamos mais olhando? Espero que fiquem bem, que não sofram tanto.
- Faço uma pausa na leitura: Se eu fechar os olhos, consigo sentir o cheiro da terra molhada de lugares em que nunca estive.