Meia hora na fila, dois produtos na mão, quatro olhadas para o relógio por minuto.
– Próximo!
Finalmente. Colocou o pão e o queijo minas no balcão.
– Mais alguma coisa, senhora?
– Não, é só isso.
– Quinze reais e cinquenta e três centavos, senhora.
– Passa no crédito.
“A cliente apertou várias vezes a mesma tecla, sem sucesso.”
– Pode inserir o cartão e digitar a sua senha, senhora.
A cliente apertou várias vezes a mesma tecla, sem sucesso.
– Moça, o número 7 não vai. A tecla não funciona.
– A máquina está com problema, senhora, a tecla 7 está com defeito.
– Minha senha começa com 7.
– Só um momento, senhora.
A caixa foi até o gerente, no canto do mercado, e voltou bufando, com um martelo na mão. Começou a martelar a tecla 7 da maquininha sem dó e nem piedade, como se fosse uma situação absurdamente natural.
– Moça, calma, eu pago em dinheiro.
– Não precisa, senhora, eu estou resolvendo. – Respondeu enquanto martelava cada vez mais forte, com a mesma apatia com que havia iniciado o atendimento.
Todos olhavam e faziam comentários em voz baixa. A caixa ficava cada vez mais vermelha pelo esforço e, a cliente, pela vergonha.
Foram longos cinco minutos enlouquecendo as pessoas dentro do Mercadinho Amigão.
– Pronto!
– Foi? Deu certo?
– Sim, pode continuar a digitar a senha, senhora.
– Mas, moça…
– Como eu disse, pode digitar o resto da senha, senhora.
– Moça…O próximo número também é 7.