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Home Crônicas Henrique Fendrich

Apenas porque eu te amo

porHenrique Fendrich
29 de maio de 2019
em Henrique Fendrich
A A
"Apenas porque eu te amo", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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Você não me entende. É isso o que eu vou te dizer, porque depois disso não é mais preciso sequer ter razão. Não que ela não esteja comigo. Mostrarei que não há um mísero ponto em que eu tenha agido de forma errada. Darei a entender que a culpa toda é sua, mas não com essas palavras, porque não quero que você ache que eu sou o tipo de cara que nunca assume os seus erros, quero, simplesmente, que com a força dos meus argumentos você se convença por si só de que eu não tive a menor responsabilidade. E não aceitarei o que você me disser de volta, não irei tolerar qualquer insinuação sobre os meus defeitos, porque não se trata disso, e sim do que você me fez.

Vou ficar ofendido com as mínimas coisas que você falar. Darei às suas frases um sentido que elas não têm. Aumentarei, consideravelmente, o impacto daquilo que você disser. Aproveitarei cada palavra mal escolhida e delas farei um escândalo, mostrando como me sinto ultrajado pela sua ofensa. Não darei importância às suas tentativas de se explicar. Você dirá que não teve a intenção, e eu responderei que isso não altera em nada o modo como eu me senti. E, se você insistir, perguntarei de forma abertamente irônica se por acaso você quer ter o controle sobre os meus sentimentos e as minhas reações. Reforçarei, o tempo inteiro, que a única pessoa que pode dizer alguma coisa sobre mim sou eu mesmo e que você, portanto, não pode presumir aquilo que não sabe.

Mostrarei que não há um mísero ponto em que eu tenha agido de forma errada. Darei a entender que a culpa toda é sua, mas não com essas palavras, porque não quero que você ache que eu sou o tipo de cara que nunca assume os seus erros.

Tanto farei que você, ao fim de tudo, se verá forçada a pedir desculpas, e isso talvez me desarme um pouco, mas nem se pense que isso será o fim, já que eu ainda poderei duvidar da sua sinceridade, ou falar uma porção de frases cáusticas com o sentido de que “é fácil fazer e depois vir pedir desculpas”. E você não saberá mais o que fazer, e eu direi que será melhor a gente se despedir, e pode ter certeza que eu vou deixar no ar a possibilidade de nunca mais falar com você, mas é claro que vou continuar falando, eu só quero jogar com essa hipótese, para que você ache que existe esse risco e perceba como foi sério o que fez para mim.

Então irei embora e sumirei, sumirei pelos próximos dias, você irá procurar e não vai me encontrar, vai mandar mensagem, vai me ligar, e eu simularei indiferença, direi que o fato de eu não ter aparecido não tem relação alguma com você, é apenas que me aconteceu isso e aquilo, e eu sei que você não vai acreditar, você vai achar que eu não apareci porque estou profundamente magoado, e eu não farei nada para impedir que você ache exatamente isso mesmo.

E a gente vai voltar a se encontrar, e tudo irá parecer como antes, e você vai achar que está tudo superado, mas não se engane: ao menor sinal de conflito, eu estarei disposto a lhe lembrar de tudo o que foi feito e de tudo o que foi dito naquela vez, e mesmo que eu não diga nada, eu sempre vou ter em mente aquilo, e pode até ser que nas situações mais corriqueiras eu crie uma crise, eu discorde de você nas coisas mais sem sentido, porque você não pode ficar sem oposição, porque você não pode se mostrar superior a mim, e porque, afinal, é muito bom ficar na posição de alguém a quem se deve alguma coisa.

E tudo isso, amor, apenas porque eu te amo.

Tags: AmorbrigacarênciaCriseCrônicadiscussãoegoísmoinfantilidaderelacionamento abusivorelacionamento tóxicorelacionamentos

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