Quando é tarde demais para tentar reescrever uma história? Embora Albert Einstein tenha provado como a noção do tempo é relativa se pensarmos em termos de universo, meus pés grudados no chão (um deles ainda dolorido por causa de uma torção sofrida na última sexta-feira) neste exato momento me encaram e provam que não sou capaz de girar os ponteiros do relógio para resgatar um momento perdido, largado à beira do caminho. Essa decisão permanece lá, presa à teia de uma memória não concretizada e o melhor a fazer é aceitar, ainda que eu sempre possa olhá-la por sobre os ombros, ou pelo retrovisor, para lembrar-me de sua existência.
Embora Albert Einstein tenha provado como a noção do tempo é relativa se pensarmos em termos de universo, meus pés grudados no chão neste exato momento me encaram e provam que não sou capaz de girar os ponteiros do relógio para resgatar um momento perdido, largado à beira do caminho.
Há um punhado de coisas que eu gostaria de ter feito, e não fiz, e de palavras que, mesmo longamente ensaiadas, se calaram, engolidas a seco, por cautela. É melhor, devo reconhecer, que algumas assim permaneçam, na promessa do que poderiam ter sido. O silêncio, afinal, sempre tem muito a ensinar àqueles que o escolhem. Outras palavras, no entanto, talvez um dia ressuscitem, sacudindo a poeira do comodismo, e tenham, quiça, a possibilidade de ganharem a luz do sol. Arrependimento não combina muito com a minha natureza, afinal.
A grande questão é descobrir se esse não feito, ou o desfeito, é de alguma forma reversível, disponível para resgate. Tenho quase convicção de que não, algo muito forte dentro de mim me diz que não.
Ainda assim, decido dar ao universo da oportunidade de me desmentir, contestar. É o mínimo a se fazer para evitar deixar-se aprisionar pelo irreversível. Prefiro desafiar minhas pseudo certezas e provar que Einstein sempre está certo.