No fim da última semana, morreu uma colega de turma de Jornalismo. Estudamos juntos nos anos 1980, na Universidade Federal do Paraná, e eu não a via pessoalmente há muito tempo. Morava em São Paulo, onde se casou, teve filhos e construiu sua história profissional. Chegamos a trabalhar na redação da Folha de São Paulo, em editorias diferentes, à mesma época, em 1995, 96. Depois disso, apenas soube dela muito mais tarde, pelas redes sociais, que também me informaram no sábado passado a respeito de seu desaparecimento precoce. Carmen Barcellos tinha 54 anos, dois a menos do que eu.
Não escrevo para falar exatamente de Carmen, porque não seria capaz de falar muito sobre ela. Tímida, lembro-me que enrubescia facilmente e seus olhos se iluminavam quando sorria. Tornou-se uma jornalista competente. Não sei muito mais do que isso, a não ser, agora, que ela cultivava rosas em seu jardim (o obituário me informou).
A notícia de sua morte me entristeceu e atordoou. Por várias razões. Talvez porque dela eu tinha apenas o retrato, congelado no tempo, de uma jovem de 20 e poucos anos, repleta de possibilidades em sua quietude meiga, observadora. Essa imagem, hoje tão remota, se estilhaçou com a notícia, postada em sua página no Facebook, como se ela mesma a tivesse escrito o obituário.
A notícia de sua morte me entristeceu e atordoou. Por várias razões. Talvez porque dela eu tinha apenas o retrato, congelado no tempo, de uma jovem de 20 e poucos anos, repleta de possibilidades em sua quietude meiga, observadora. Essa imagem, hoje tão remota, se estilhaçou com a notícia, postada em sua página no Facebook, como se ela mesma a tivesse escrito o obituário. Naquele instante, vi um filme em minha cabeça: o tempo passa rápido demais, e não volta mais.
A constatação da finitude, de que a vida é mesmo um sopro, um fio que pode ser cortado a qualquer momento, se evidencia quando recebemos uma notícia assim, de sopetão, como diria minha mãe. Quando alguém vai embora, uma constelação de relações e afetos se apaga. E nos lembramos de que somos finitos. Carmen partiu cedo demais.