Duas doses e uma longa espera que chegou ao fim, cercada de alívio. Ontem, sem que eu esperasse, recebi uma espécie de segundo batismo. A data marcada para meu novo encontro com a AstraZeneca era 3 de setembro, mas, por conta da chegada a Curitiba da variação Delta do novo coronavírus, fui vacinado. Descobri por acaso que o dia havia sido antecipado, graças ao bom e velho jornalismo de papel.
Havia levado meu pai ao banco e voltava a pé para casa quando, a duas quadras de meu prédio, parei para cumprir um velho ritual, quase anacrônico nestes tempos digitais: ler as primeiras páginas de jornais, afixadas na face externa da banca mais próxima. Lá no canto esquerdo da capa do diário local Bem Paraná, encontrei a notícia mais importante do ano para mim.
Muito do que tenho, material e simbólico, direta ou indiretamente, devo ao jornalismo, profissão que abracei há 31 anos. Comprei casa, viajei o mundo, conheci pessoas e lugares incríveis, fiz grandes amigos, entrevistei meus ídolos, estudei e tenho me realizado nos mais diversos sentidos, porque a escolhi. Principalmente, aprendi a olhar para o que chamamos de realidade de forma menos redutora, maniqueísta. Ontem, mais uma vez, o jornalismo não me falhou, provando com todas as letras como é fundamental, essencial, à vida em sociedade.
Havia levado meu pai ao banco e voltava a pé para casa quando, a duas quadras de meu prédio, parei para cumprir um velho ritual, quase anacrônico nestes tempos digitais: ler as primeiras páginas de jornais, afixadas na face externa da banca mais próxima.
O aviso de alteração da data em que receberia a segunda dose teria sido enviado pelo aplicativo da Prefeitura de Curitiba, mas, como troquei de celular semana passada, acabei não o baixando no novo aparelho: dia 3, afinal, já era semana que vem. Mas a informação, tão fundamental, estava lá, estampada na capa de um jornal, com todos os detalhes que eu necessitava. Menos de uma hora mais tarde, eu estava vacinado. Não sei vocês, mas eu me senti como se tivesse ganhado na loteria. Esses “pequenos milagres” do cotidiano me iluminam.
Tenho perfeita noção de que nem eu nem o Brasil estamos livres da Covid-19. Menos de 30% da população está imunizada (com duas doses ou dose única). A vacina, seja ela qual for, não previne a infecção pelo novo coronavírus, mas, na maior parte dos casos, impede que o estado do paciente se agrave e muitas e muitas vidas têm sido salvas aqui e ao redor do mundo. O negacionismo e a desinformação, no entanto, têm se mostrado tão ou mais letais do que a própria doença.
Mais do que nunca, informação bem apurada, de forma responsável e crítica, é poder. E vida.