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Joca Reiners Terron: “botaram um idiota na liderança deste país”

Joca Reiners Terron conversa com a Escotilha sobre o processo de construção do livro e os rumos que o Brasil parece tomar.

porJonatan Silva
31 de janeiro de 2020
em Entrevistas, Literatura
A A
Entrevista com Joca Reiners Terron

Joca Reiners Terron. Imagem: Renato Parada/ Divulgação.

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Lançado quase que simultaneamente aos incêndios que devastaram a Amazônia em 2019, A Morte e o Meteoro, livro mais recente de Joca Reiners Terron, é um mergulho na memória e um espelho partido de um futuro distópico a partir da extinção dos kaajapukugi cujos 50 membros remanescentes estão rumo ao exílio no México, graças aos esforços de Boaventura, um antropólogo que, apesar da morte misteriosa, deixa a tarefa para um colega indianista.

A Morte e o meteoro faz parte de uma tríade de livros publicanos no ano passado – junto com  A Ocupação e Crocodilo – que dialogam com a situação caótica e contraditória em que o país se encontra. Tratando de questões como identidade e resistência, Terron explora a maneira como o “homem branco” enxerga a cultura indígena e também a maneira vê a si próprio – em algo uma medida, um olhar ampliado e mais ficcional daquele abordado por Bernardo Carvalho em Nove Noites.

Escotilha » A Morte e o meteoro guarda algumas semelhanças com Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, principalmente, na estrutura – e o narrador me pareceu uma espécie de Deckard –, mas também possui elementos dos romances policiais. Quais elementos nortearam o processo de escrita d’A Morte e o meteoro?

Joca Reiners Terron » Não sei, acho que não guarda essa semelhança, não. Nunca li o livro. Grande parte do que escrevo é intuitivo, deixo a corda solta ao escrever. Depois reviso, reescrevo etc. Mas, se você viu isso, é uma contribuição sua como leitor. Entendo que uso as técnicas da literatura de gênero como os policiais e a ficção científica como MacGuffin para fisgar o leitor. De certa forma nesse livro até o exílio político dos kaajapukugi funciona como MacGuffin.

Ao longo de todo o livro, é possível perceber que os grandes problemas do futuro são as consequências de um passado desleixado, refletindo muito bem a história brasileira. Nesse sentido, muito mais que o espaço, o Brasil soa também como um personagem dentro da trama.

É isso aí. Nosso processo civilizatório é uma desgraça, não? Mas não dá pra afirmar que os portugueses e brasileiros foram desleixados no período colonial, como também é impossível dizer isso da atual elite (a mesma de sempre), ao menos no que se refere ao tráfico escravagista, que durou mais de 400 anos e só parou porque os ingleses forçaram a barra. O Império também não foi incompetente ao proibir a criação de universidades no território brasileiro até o século XIX, já pensou, afinal eles não queriam enfrentar pobres e descendentes de escravos escolarizados. Também não foram incompetentes no extrativismo que perdura até hoje, nessa dependência de commodities: arrancam tudo, pedra, pau, bicho e depois vendem. E acabou. Enfim, estamos no mato sem cachorro. Só que o mato também tá acabando.

A despeito de toda a ideia distópica que percorre o livro, A Morte e o meteoro tem um diálogo bastante intenso com a literatura e a cultura latino-americana. Ao mesmo tempo, nós, os brasileiros, ainda parecemos distantes dessa identificação com os nossos vizinhos. Onde se dá – ou se deu – essa ruptura?

Bem, um dos narradores é mexicano. Acho que não houve ruptura, pois nunca estivemos ligados. Deve ser herança dos tempos em que o mundo era dividido entre espanhóis e portugueses, não sei. Sei apenas que a culpa de nós ignorarmos mutuamente em termos literários não se deve à questão linguística, pois a diferença é quase dialetal.

Nosso processo civilizatório é uma desgraça, não? Mas não dá pra afirmar que os portugueses e brasileiros foram desleixados no período colonial, como também é impossível dizer isso da atual elite (a mesma de sempre), ao menos no que se refere ao tráfico escravagista, que durou mais de 400 anos e só parou porque os ingleses forçaram a barra.

O livro resgata a discussão sobre a questão indígena, algo que estava distante da literatura há muitos anos. Que outras questões invisibilizadas precisam ser retomadas?

Não concordo, desculpe. Nunca a literatura indígena esteve tão bem representada nos livros e debates, e praticada por autores indígenas, como nunca antes. Existem muitas questões invisíveis, mas a literatura – a ficção, pelo menos – não deve se responsabilizar por isso. Não deve se responsabilizar por nada, na verdade, a não ser boa literatura.

Simultaneamente, fica uma sensação de que Boaventura tenta explicar os kaajapukugi pela visão externa do “homem branco” e não por uma lógica da tribo, ou seja, sem compreender o funcionamento interno daquele grupo.

Isso é inevitável, pois Boaventura é um equivocado. Como muitos outros antropólogos e indigenistas também foram. E essa miopia cultural continua aí, já que ontem mesmo o presidente deste triste país afirmou que “cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”. Botaram um idiota na liderança deste país.

Além d’A Morte o meteoro, outros romances recentes – como Crocodilo e A Ocupação – escancaram o Brasil de hoje. Seria uma tendência – ou até mesmo o rescaldo de uma urgência – fazer uma literatura que distenda o limite entre realidade e ficção?

Ainda não li esses livros, então não posso opinar sobre eles. Mas entendo que o papel da literatura hoje – em tempos de fake news, em que o Estado sequestrou a ficção e a usa para se perpetuar no poder – é inventar a realidade.

Tags: a morte e o meteoroA OcupaçãoA ResistênciaCríticaCrocodiloEntrevistaJavier A. ContrerasJoca Reiners TerronJulián FuksLiteraturaTodavia

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