• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

‘Essa Gente’: o(s) romance(s) de Chico Buarque

Último lançamento de Chico Buarque, escritor e compositor carioca, 'Essa Gente' conta história de um escritor na penúria e sem inspiração.

porArthur Marchetto
7 de maio de 2020
em Literatura
A A
Chico Buarque lendo 'Essa Gente'

Imagem: Divulgação.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

O cenário quase grotesco do momento em que vivemos é alvo de reclamação de diversos artistas. Claro que não só pelos problemas óbvios, mas também pela dificuldade de criação que o momento impõe, como diz o slogan da nova versão do Zorra: “tá difícil competir com a realidade”. É uma crise criativa desse porte que Manuel Duarte, protagonista do último livro de Chico Buarque, precisa superar para a primeira versão de seu mais novo romance.

Essa Gente, publicado em 2019, foi o primeiro contato que tive com a prosa do compositor, cantor e escritor carioca. Chico estreou na ficção com a novela Fazenda Modelo, em 1974, mas passou a se encontrar na prosa cada vez mais, publicando os romances Estorvo (1991), Benjamin (1995), Budapeste (2003), Leite Derramado (2009) e O Irmão Alemão (2014). Nessa trajetória, foi vencedor do Camões, o principal prêmio literário em língua portuguesa, em 2019 (sendo, de certa forma, agraciado por uma não-assinatura do presidente).

A política é presente na narrativa: a violência é frequentemente retratada, além da vida nas favelas do Rio, as milícias, os latifundiários, políticos, a classe média racista e oportunista – e a própria visão privilegiada da classe média do protagonista.

Escrito de forma epistolar, as cartas contam a história do escritor best-seller Manuel Duarte, que há anos não escreve um romance e precisa finalizar seu manuscrito – já pago em diversos adiantamentos da editora. Sem dinheiro, nem inspiração, Duarte precisa achar maneiras para terminar o compromisso. Para isso, recorre às caminhadas que faz descendo da sua casa para a praia. Além disso, ao longo do romance, vai se envolvendo com três mulheres (e seu filho, há tanto tempo abandonado): a primeira delas é Maria Clara, uma intelectual de esquerda, à beira de um colapso, e que embarca em um projeto de traduzir Shakespeare. Maria Clara também é sua ex-esposa, a ex-revisora de seus rascunhos e mãe de seu filho.

Duarte também reata ligações com Roseane, uma ex-companheira, especialista em design de interiores e também em sair com velhos ricos e safados – se envolvendo com políticos e latifundiários. Ela realiza os fetiches sexuais de diversos homens muito mais velhos que ela – inclusive de Duarte. No entanto, é pela terceira garota, Rebekka, que Duarte se envolve mais profundamente. Ela é uma holandesa que mudou-se para o Vidigal e casou-se com Agenor, um salva-vidas que salvou Duarte de um afogamento. Rebekka leciona inglês na favela, cuida da horta comunitária, adora livros e sofre violência doméstica.

A política é presente na narrativa: a violência é frequentemente retratada, além da vida nas favelas do Rio, as milícias, os latifundiários, políticos, a classe média racista e oportunista – e a própria visão privilegiada da classe média do protagonista. No meio desse caos, o escritor também tem que lidar com a sombra do sucesso de seu antigo livro, o “Eunuco do Paço Real” – um romance histórico que volta a fazer sucesso (e pode gerar um frisson nos monarquistas). A presença desse livro – e o desenvolvimento do outro – é o que marca um dos efeitos mais interessantes da obra.

A história de meninos negros que são captados, molestados e castrados por um pastor e um maestro, com o objetivo de impedir a transformação em suas belas vozes para que possam se dedicar à ópera, é ecoada, vista no presente de Manuel Duarte e no seu livro que tanto sucesso fez há quase vinte anos. Soma-se a isso o fato de que, aos poucos, também aparecem pistas de que o livro que nós lemos é, na verdade, o que Duarte tenta escrever. Sem que haja um limite claro entre o(s) livro(s) lido(s), mesmo após a conclusão que muito se assemelha a uma orelha da obra, ficamos com uma sensação que muito se assemelha às das narrativas oníricas ou da Ficção Weird, onde a fronteira entre dois mundos apartados é apagada, borrada. A única coisa que incomoda, no entanto, é “a malandragem” do escritor. Manuel não cansa de descrever bundas, shorts curtos e silhuetas. Duarte é a imagem da classe média boêmia que se pensa progressista, mas mantém uma série de preconceitos em seu discurso.

ESSA GENTE | Chico Buarque

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 200 págs.;
Lançamento: Novembro, 2019.

Compre na Amazon

link para a página do facebook do portal de jornalismo cultural a escotilha

Tags: Book ReviewChico BuarqueCompanhia das LetrasCrítica LiteráriaEssa GenteLiteraturaLiteratura BrasileiraLiteratura Brasileira ContemporâneaLiteratura ContemporâneaResenha

VEJA TAMBÉM

A escritora francesa Anne Pauly. Imagem:  Édition Verdier / Divulgação.
Literatura

‘Antes Que Eu Esqueça’ traz uma abordagem leve e tocante sobre o luto

30 de junho de 2025
Autora produziu um dos maiores fenômenos literários das últimas décadas. Imagem: Marcia Charnizon / Divulgação.
Literatura

Por que os leitores amam — e nem toda crítica gosta — de ‘Tudo É Rio’, de Carla Madeira

20 de junho de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Michelle Williams e Jenny Slate estão impecáveis em 'Morrendo Por Sexo'. Imagem: 20th Television / Divulgação.

‘Morrendo Por Sexo’ acerta na sua abordagem franca da sexualidade das mulheres

3 de julho de 2025
Cantora neozelandesa causou furor com capa de novo álbum. Imagem: Thistle Brown / Divulgação.

Lorde renasce em ‘Virgin’ com pop cru e sem medo da dor

3 de julho de 2025
Paul Reubens como Pee-Wee Herman. Image: HBO Films / Divulgação.

‘Pee-Wee Herman: Por Trás do Personagem’ busca justiça ao comediante Paul Reubens

2 de julho de 2025
Brad Pitt está bastante confortável em cena. Imagem: Warner Bros. / Divulgação.

‘F1: O Filme’ acelera com estilo, mas nunca sai totalmente do piloto automático

1 de julho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.