• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

As dores e os prazeres do “achismo” na crítica literária

A lógica de produção da internet permitiu que a crítica literária continuasse relevante nos dias de hoje, mas quais são os perigos dessa postura?

porArthur Marchetto
14 de junho de 2018
em Literatura
A A
As dores e os prazeres do "achismo" na crítica literária

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Já faz algum tempo que pesquisadores argumentam sobre a irrelevância da mídia tradicional na cobertura cultural. No caso da crítica literária, argumenta-se que a crise financeira, a redução de mão de obra capacitada e a visão comercial da arte geram textos irrelevantes e rasos. Como exemplo, os suplementos de domingo são sempre citados: há cinquenta anos, professores de literatura escreviam extensas análises; hoje, o suplemento precisa espremer em suas páginas desde as sete artes até questões políticas, econômicas…

Em seu livro Jornalismo Cultural no Século XXI, Franthiesco Ballerini comenta o quanto é difícil fugir dessa lógica. Em primeiro lugar, ele cita a falta de apelo da literatura numa era audiovisual; além disso, destaca a dificuldade de competir com a cobertura dos filmes de Hollywood e dos grandes shows musicais; por fim, o próprio tempo necessário para a leitura e o alto número de publicações cria uma logística complicada dentro da redação.

Elizabeth Lorenzotti, em sua tese (disponível aqui), afirma que grande parte disso está associado aos valores modernos, como a velocidade, que prejudica a arte, sua fruição e análise, ao priorizar a novidade em detrimento da reflexão, e a concepção de arte como entretenimento comercial e não como um processo de aperfeiçoamento pessoal.

Dessa forma, Elizabeth diz que essas concepções geram uma sociedade que “não precisa de cultura, mas de entretenimento, e consome bens culturais como a quaisquer outros. Portanto, esse material deve ser devidamente alterado para ser passível de consumo. O entretenimento não é condenável. O que se pode condenar é o apetite pantagruélico que tem como fim apenas e tão somente consumir, e não o ato dialético de absorver, assimilar e interagir, tornando-se maior com a aquisição feita”.

Essa postura pode ser vista além da cobertura cultura na mídia tradicional, como nas feiras literárias e nos lançamentos editoriais em que a celebridade e o espetáculo são mais importantes do que a literatura realizada. No quesito da crítica, os argumentos geralmente retomam os suplementos literários de domingo escrito pelos pesquisadores de literatura, destacam a mídia tradicional como insuficiente e a rede como um emaranhado de vozes em que prevalece o amadorismo e o texto raso.

No entanto, não é de se questionar que, nesse cenário, algumas revistas de literatura, como a Quatro Cinco Um e o Suplemento Pernambuco, ganhem destaque? Que manchetes como “fenômeno dos ‘booktubers’ difunde clássicos literários para público jovem” apareçam e que Grupos de Leitura e de Discussão, presenciais e digitais, tenham voltado a se disseminar?

Em um artigo publicado em 2012, Lourival Holanda comenta que esse movimento é algo natural ao exercício da crítica. Ela se instala no espaço de seu instrumento: a literatura. Quando antes havia a necessidade de legitimar a crítica como um espaço sério por meio de intelectuais tarimbados pelas universidades, hoje a crítica tem um novo leque de possibilidades e que, “mesmo que inquiete pelo volume de besteiras que permite, ainda assim vale o preço”.

Dessa forma, o que se destaca é que a crítica não desapareceu, mas habita um novo espaço e precisa tomar seu tempo para maturar (ainda que, em maior ou menor grau, repleta de formatos rasos e influenciada pelo mercado editorial).

Um fator que pode ser levado em consideração como ponto de partida na discussão é a característica do texto sem autoridade. Ao falar sobre esse aspecto no seu livro, Leyla Perrone-Moisés destaca, em Mutações da literatura no século XXI, que “a qualidade e a credibilidade de qualquer tipo de juízo crítico são flutuantes e provisórias, como toda e qualquer manifestação de ideias em nossa ‘modernidade líquida’”.

Hoje a crítica é feita por qualquer leitor que saiba utilizar as ferramentas sociais, está ligada às experiências de leituras e permeia uma pluralidade de plataformas. É feita nos impressos, textos em blogs, podcasts, em grupos e perfis do Facebook, Whatsapp, Twitter, Tumblr ou Instagram e, também, nos famosos vídeos do YouTube.

Hoje, a crítica é feita por qualquer leitor que saiba utilizar as ferramentas sociais está ligada às experiências de leituras e permeia uma pluralidade de plataformas. É feita nos impressos, textos em blogs, podcasts, em grupos e perfis do Facebook, WhatsApp, Twitter, Tumblr ou Instagram e, também, nos famosos vídeos do YouTube.

Por isso, Holanda diz que “os novos críticos – e os que se renovam – reivindicam o movimento, a intensidade; a voz própria; de quem vem ouvir, mas já alforriado da ventriloquia intelectual de redizer os ídolos”. Nesse contexto, o problema se torna o texto sem embasamento. Em um momento em que a opinião é supervalorizada, medidas devem ser tomadas para oxigenar o campo da crítica e fazer com que ela continue relevante.

O primeiro risco que surge é o da multiplicidade de pontos de vista como lugar comum, repressor do confronto entre textos. Isso acontece quando o “é minha opinião” se torna mais importante do que a troca de ideias, que o debate.

Além disso, Perrone-Moises ressalta a necessidade da crítica como defesa de uma literatura de qualidade: não como apologia de um cânone arrogante, mas uma relação com a herança da literatura. Além disso, destaca que a crítica não melhora a produção literária, mas traz novas leituras; não melhora a produção, mas examina o que é produzido e aperfeiçoa a qualidade de consumo dos leitores e possibilita a formação de futuros escritores.

O texto crítico não traz uma verdade, mas precisa ser válido, embasado. Antonio Candido enxergava o trabalho do crítico como o de revelar e contextualizar o que há entre a leitura e a sensação despertada no leitor. Por isso, Leyla Perrone-Moises afirma: “a crítica exige bagagem cultural e argumentos, e estes necessitam de um mínimo de fundamentação teórica, que só se adquire na prática de muita leitura de e sobre literatura”.

Tags: AnáliseAutorautoriaBook ReviewBooktuberCríticaCrítica LiteráriaFranthiesco BalleriniJornalismo Cultural no Século XXILiteraturamodernidadeResenha

VEJA TAMBÉM

A escritora Tati Bernardi. Imagem: Bob Wolfenson / Divulgação.
Literatura

Em ‘A Boba da Corte’, Tati Bernardi arquiteta uma vingança de classe

20 de maio de 2025
A artista visual Mariana Valente. Imagem: Reprodução.
Entrevistas

Mariana Valente: “Clarice Lispector escrevia como quem cria um rasgo na linguagem”

16 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

No episódio do último dia 13, Lucimar (Ingrid Gaigher) faz download do aplicativo da Defensoria Pública. Imagem: TV Globo / Reprodução.

‘Vale Tudo’ mostra que as novelas ainda têm força entre os brasileiros

23 de maio de 2025
Segunda edição da Bienal do Lixo ocupa Parque Villa-Lobos até domingo. Imagem: Divulgação.

Em ano de COP30, Bienal do Lixo quer desafiar população a conceber novas formas de pensar o consumo

23 de maio de 2025
Imagem: IFA Film / Reprodução.

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

23 de maio de 2025
Nile Rodgers carrega muito talento e hits em sua carreira de quase 50 anos. Imagem: Imagem: Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Nile Rodgers & Chic

22 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.