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‘Carta a D.’: o livro-testamento de um amor

Há exatos 10 anos, André Gorz, junto com sua esposa, cometia suicídio para se salvar da solidão. Um olhar sobre 'Carta a D.', livro-testamento do autor.

porJonatan Silva
22 de setembro de 2017
em Literatura
A A
‘Carta a D.’: o livro-testamento de um amor

Imagem: Reprodução.

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Tratar da relação entre o amor na terceira idade e a morte é sempre delicada, quase um cristal. Duas obras recentes exploram essa temática com sensibilidade e encantamento: Amor, longa-metragem de Michael Haneke, Oscar de melhor filme estrangeiro, e Carta a D., livro-testamento de André Gorz. Ambos os trabalhos são de uma genialidade sem igual, porém a narrativa de Gorz não é ficção – e isso dói ainda mais ao leitor desprevenido.

Considerado um dos nomes mais importantes de Maio de 68, Gorz é uma figura seminal do pensamento pós-guerra e um dos grandes defensores do marxismo-existencialista. Em meio a essa torrente intelectual, Dorine, sua esposa, adoecia gravemente após exames que usavam uma substância altamente tóxica. O casal, que se conheceu na juventude em Paris, poderia ruir a qualquer momento.

A solução encontrada pelo filósofo foi o duplo suicídio em 22 setembro de 2007 (data que completa 10 anos no dia em que esse texto é publicado), assim ele e Dorine poderiam continuar para sempre. Não que acreditassem na vida eterna, mas o que os mantinha vivos era a fé no outro e a certeza de que não poderiam seguir sozinhos.

André e Dorine, apesar do prestígio no meio intelectual europeu, sempre viveram com muito, quase nada, chegando a doar parte do dinheiro que ganhavam e que não usariam.

Ao contrário do que possa parecer, Carta a D. não é um livro sobre o ressentimento à morte, mas de agradecimento à vida. Gorz narra com beleza desde o primeiro dia em esteve com a esposa, como se precisasse explicar a ela o porquê depois de mais de 50 anos ainda era preciso que estivessem juntos. O filósofo faz mea culpa de todas as vezes em que se valeu de sua própria figura masculina para se sobressair, não sem antes admitir que há/havia/houve muito de Dorine em tudo o que escreve – como jornalista e como pensador.

André e Dorine, apesar do prestígio no meio intelectual europeu, sempre viveram com muito, quase nada, chegando a doar parte do dinheiro que ganhavam e que não usariam. Obviamente, como em todo escrito memorialista, há um quê de idílio, idealista e romântico, mas nada disso parece ter menos brilho ou valor sob os olhos de Gorz.

Imersão

Sua escrita consciente é tão certeira quanto a narrativa de Haneke. O filme e o livro se completam imensamente, ainda que Haneke tenha usado um fato familiar para compor o longa. São encenações corajosas do fim das vidas de duas pessoas unidas por anos e que fazem uma imersão na dor, mas não no luto.

Se em Amor a cena que mais desconcerta é a caça à pomba que faz Georges parecer perdido, em Carta a D., a devastação que Gorz sente ao perceber que vai perder Dorine se estende por todas – as poucas e precisas – páginas. Infelizmente, aquilo que André e Dorine pensaram para mundo parece cada vez mais distante e impossível de ser alcançado. Difícil imaginar registro mais pungente.

CARTA A D. | André Gorz

Editora: Cosac Naify;
Tradução: Celso Azzan Junior;
Tamanho: 64 págs.;
Lançamento: Outubro, 2012.

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Tags: André GorzbiografiaCarta a D.Cosac NaifyCríticaCrítica LiteráriaDorine KeirEnsaioLiteraturaMaio de 68memóriaMichael HanekeResenha

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