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‘Deixa Comigo’: nos passos de Mario Levrero

Primeira obra do escritor uruguaio Mario Levrero publicada no Brasil, ‘Deixa Comigo’ utiliza autoironia e explora elementos do romance policial.

porAdriano Abbade
10 de agosto de 2018
em Literatura
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'Deixa Comigo': nos passos de Mario Levrero

Imagem: Reprodução.

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Existe um ponto em comum que parece unificar parte da crítica literária quando o assunto é classificar a obra do uruguaio Mario Levrero (1940 – 2004). Inclassificável, estranho e raro são alguns dos adjetivos utilizados na abordagem dos romances, novelas e contos do autor de O romance luminoso. A trajetória do escritor confirma sua diversidade: além da literatura, Levrero trabalhou como cartunista, fotógrafo, autor de histórias em quadrinhos e dirigiu a redação de periódicos no Uruguai e Argentina, país onde sua obra possui boa receptividade. Durante a última Feira Internacional del Libro de Buenos Aires, ocorrida em maio de 2018, Mario Levrero foi um dos escritores homenageados.

Deixa Comigo (Editora Rocco, 2013, tradução de Joca Reiners Terron) é a primeira obra de Levrero traduzida para a língua portuguesa. No posfácio da novela, também assinado por Terron, o tradutor destaca que a narrativa é uma peça-chave para estabelecer o primeiro contato com o universo literário do escritor uruguaio. Além do posfácio, a edição é acompanhada de uma entrevista imaginária de Mario consigo mesmo, na qual o autor fala sobre temas variados como sua concepção de literatura, os autores uruguaios de sua preferência ou a “debilidade” de sua “formação cultural”.

“A existência desta novelinha foi possível graças ao generoso e paciente apoio de minha esposa, Alicia, a quem o leitor não deve julgar demasiado severamente por isso”, explica o autor, com a ironia que lhe é característica. Narrado por um escritor recém-divorciado, com mais de cinquenta anos, “substancialmente acima do peso”, fumante compulsivo e sem um tostão no bolso, o enredo de Deixa Comigo gira em torno da condição do escritor-narrador e na busca por Juan Pérez, um desconhecido que remetera um romance genial para uma editora uruguaia sem, no entanto, identificar o verdadeiro autor da obra.

“Porém, aqui não existe a profissão de escritor, o escritor é obrigado a fazer qualquer coisa, exceto – naturalmente – escrever, se quiser continuar sobrevivendo”. Uma crítica tecida com ironia, mas também com humor refinado.

Após enviar um romance para sua editora, o narrador tenta negociar a publicação do livro e garantir algum adiantamento. Gordo, o editor responsável pela avaliação e possível publicação do livro, responde reticente: “O romance é bom, mas…”. ”Eu podia ter imaginado”, diz o narrador, “pois sei há uns quantos anos que meus romances pertencem a essa categoria; bons, mas… Os críticos se esforçam para classificar minha literatura como pertencente a essa ou àquela categoria, porém os editores são mais realistas, e unânimes; só existe uma categoria possível para minha literatura: boa, mas…”.

Há no discurso do protagonista de Deixa Comigo uma crítica explícita à situação do escritor uruguaio, submetido a diversas formas de trabalho sem relação com o ofício de escritor.

Depois de ouvir os argumentos do Gordo, o narrador explica sua situação. Está sem dinheiro, precisa de algum adiantamento com certa urgência. O editor, então, oferece dois mil dólares, mas com uma condição: o narrador precisa encontrar Juan Pérez. Se encontrar, também terá seu romance publicado. A busca por esse personagem e a tentativa de desvendar o enigma por trás de sua identidade orienta toda a trama, que apresenta elementos do romance policial. Além de Montevidéu, a novela se passa em Penúrias, cidade fictícia no interior do Uruguai (localizada entre duas outras cidades, Misérias e Desgraças), onde o narrador segue as pistas de Juan Pérez.

Durante a “investigação”, o narrador-protagonista encontra uma prostituta chamada Juana Pérez, por quem acaba se apaixonando. Em pouco tempo, esquece o motivo de sua estadia na pequena cidade, negligencia as buscas por Juan Pérez, só consegue pensar nos programas com Juana. Quando descreve um de seus encontros, refere-se à performance de Juana como uma verdadeira arte. “Ela se superou a si mesma e desdobrou sua arte com verdadeira maestria, atenta aos ritmos e matizes, às sugestões e aos efeitos. Uma mescla de Hitchcock, Debussy, Joyce e Velásquez, e tudo isso num tempo recorde: trinta e cinco minutos”.

Difícil falar sobre a novela de Mario Levrero sem explicitar em demasia a resolução de conflitos ou sem avançar sobre vestígios que cabem ao leitor solucioná-los. Sua linguagem direta, seu estilo de frases curtas e carregadas de autoironia (as referências que vão desde quadrinhos e desenhos animados, passando por autores como Chandler, Kafka ou pelo cinema de Buñuel) todo esse conjunto confere leveza aos vinte e cinco capítulos de Deixa Comigo. Uma divertida porta de entrada ao universo de um escritor original e um dos nomes mais significativos da literatura latino-americana contemporânea.

DEIXA COMIGO | Mario Levrero

Editora: Rocco;
Tradução: Joca Reiners Terron;
Tamanho: 160 págs.;
Lançamento: Maio, 2013.

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Tags: Book ReviewCríticaCrítica LiteráriaDeixa ComigoEditora RoccoLevreroLiteratura ContemporâneaLiteratura latino americanaliteratura latinoamericanaliteratura uruguaiaMario LevreroprosaResenhaReview

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