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A personalidade anulada de ‘Niétotchka Niezvânova’

Fiódor Dostoiévski cavou fundo a mente da protagonista de 'Niétotchka Niezvânova', este romance incompleto.

porWalter Bach
18 de fevereiro de 2016
em Literatura
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Fiódor Dostoiévski

Imagem: Reprodução.

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Alguns personagens nos cativam pelo que se tornam ou nos prendem pelo que poderiam ter sido, como se em vez de um romance de formação “clássico” tivéssemos na mão uma história oposta. É uma das muitas, muitas impressões possíveis após ler Niétotchka Niezvânova, obra do tio russo Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski (1821-1881) publicada em 1849. O velho Dostô tinha uma queda por criar personagens meio perturbados (meio…), e há quem resolva mergulhar nas histórias dele graças a isso, pois essa “perturbação” também se tornou uma das características de sua extensa produção.

O enredo começa carregado na infância da protagonista Niétotchka, filha de uma família paupérrima que mora em São Petesburgo. Essa condição insuperável pesa no trato familiar, o suficiente para criar um sentimento misto de culpa e impotência, principalmente da mãe da protagonista. Some a isso o fato de que Niétotchka é uma criança e poxa, já é um porre aguentar condições materiais ruins ao extremo quando se tem a idade adulta, e claro que isso marca Niétotchka – cuja visão de mundo fica ainda mais fragmentada devido ao ambiente em que é criada.

Um dos grandes trunfos do romance é que, mesmo ficando claro o quanto a questão material influencia na personalidade da menina, o enredo não se resume a isso.

Um dos grandes trunfos do romance é que, mesmo ficando claro o quanto a questão material influencia na personalidade da menina, o enredo não se resume a isso. Niétotchka torna-se órfã e é adotada por uma família riquíssima, mas não é este fator que determina sua nova vida. É uma paixão ambígua por Katya, filha dos seus tutores. Ambígua porque, inconfessa para a própria Niétotchka, ela sente uma atração profunda por Katya enquanto convivem juntas e parece não querer admitir o grau desse sentimento. Não há menções a partes do corpo e nem são necessárias, não apenas por Niétotchka ter pouca idade e não ter plena consciência do próprio corpo ou de outra pessoa, mas porque as sensações dela predominam sobre as questões físicas.

De tão atraída, é como se sua personalidade fosse anulada por Katya, com quem a protagonista desenvolve uma relação que oscila entre momentos afetuosos e de pura indiferença, e tanto sua presença como a falta dela transformam Niétotchka em outra menina – cujo estado de espírito também incomoda por suas contradições.

Escrito antes de Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov, publicados em 1866 e 1880, Niétotchka Niezvânova é um romance incompleto, impressão que fica durante a leitura graças à sua estrutura fragmentada. Fiódor Dostoiévski não retomou a obra, e nem precisaria. Ela pode servir como um aquecimento e até começo à produção do russo, cujas linhas cavam fundo a mente de um personagem, espalhando detritos e grãos de terra para todos os lados, deixando um sabor amargo ao descobrir o que está lá embaixo.

NIÉTOTCHKA NIEZVÂNOVA | Fiódor Dostoiévski

Editora: Editora 34;
Tradução: Boris Schnaiderman;
Tamanho: 224 págs.;
Lançamento: Janeiro, 2009 (5ª edição).

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Tags: Book ReviewCrime e CastigoCrítica LiteráriaDostoievskificçãoFiódor DostoiévskiLiteraturaLiteratura Clássicaliteratura russaNiétotchka NiezvanovaOs Irmãos KaramazovResenha

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