• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

Paulo Sandrini explora as relações familiares em um cenário pós-apocalíptico

No romance 'Peixes Coloridos de Alto-mar', de Paulo Sandrini, as emoções humanas são expostas de forma crua e provocativa.

porGiovanna Menezes Faria
24 de fevereiro de 2018
em Literatura
A A
Paulo Sandrini explora as relações familiares em um cenário pós-apocalíptico

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Em situações adversas mais do que nunca perdemos o controle sobre a situação, se é que o temos em algum momento de fato. E é diante de tais circunstâncias que parece aflorar o pior e o melhor que pode haver em nós. De forma escancarada e sem sutilezas, Paulo Sandrini explora essas emoções em Peixes Coloridos de Alto-mar (Kafka Edições, 2017), por meio da busca de um pai pelo amor de sua filha, em um mundo em colapso.

Escrito originalmente em 2003, esse romance parte de uma premissa aparentemente simplória – pais divorciados que se desentendem constantemente e buscam garantir o afeto da filha -, que toma um “colorido” especial quando mergulhada em um cenário pós-apocalíptico com tudo que se tem direito: pragas na forma de manchas escuras que surgem na pele, bruscas mudanças climáticas, morte, fome e falta de higiene por onde quer que se olhe.

Como se não bastasse esse panorama desolador, o narrador ainda tem que enfrentar a maldade de seus pares e aquela que vive dentro de si. Pois, em um mundo sem perspectivas o que sobressai é a violência e o egoísmo. Mas há espaço também para o carinho, amor e amizade, expressos de maneira singela, que precisam da atenção do leitor para serem percebidos e apreciados.

“O mundo deixou de ser, para essa gente daqui, um enorme armário de banheiro para se mostrar – sem mais a perfumaria criada pelo ser humano – como verdadeiramente é: um organismo doente e em estado de putrefação” – página 76

Escrito originalmente em 2003, esse romance parte de uma premissa aparentemente simplória – pais divorciados que se desentendem constantemente e buscam garantir o afeto da filha.

Além das situações externas, o pai parece enfrentar também uma guerra interna. Como um cão que mais ladra do que morde, em muitos momentos evidencia-se um certo autodesprezo por suas inseguranças e incapacidade de fazer o que é preciso.

Tudo isso nos é descrito de forma bastante crua, despida de pudores, pelos olhos de um pai que acima de tudo quer manter os laços de afeto com a filha, a pequena Giulia. Ao longo da narrativa, por mais e maiores que sejam as batalhas enfrentadas, as dificuldades e percalços se acumulam. Não há o certo e o errado, mas sim o necessário para se conseguir aquilo que almeja.

“Quero quebrar os espelhos, destruir a mim mesmo, começando pelo meu reflexo – os tempos não estão afeitos a vaidades, só podemos sobreviver aceitando nossa real condição de organismo em processo de decomposição a cada passar de hora, minuto, segundo – rumo aos vermes.” – página 110

O texto é construído de maneira peculiar, na qual os diálogos se misturam às descrições e aos pensamentos do narrador. Os parágrafos são longos e, por vezes, temos repetições de palavras e espécies de trava-línguas, que demonstram o estado mental do personagem, que vai da apatia à raiva extrema, da alegria ao desespero. Essa intensidade está presente em todo o texto.

Além das situações singulares, outro aspecto que prende a atenção do leitor é que o narrador não é identificado por nenhum nome. Sabemos que é o pai de Giulia, ex-marido de Helena e amigo do tenente William Barrety. Temos então, um personagem principal anônimo, identificado apenas por seus relacionamentos. Talvez a sua jornada não seja apenas em busca da filha, mas também por si mesmo.

Paulo Sandrini nasceu em Vera Cruz (SP), em 1971. Viveu em Bauru (SP) até 1994, quando se mudou para Curitiba. Graduado em Design Gráfico, mestre e doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Publicou os livros O Estranho hábito de Dormir em Pé (2003), Códice d’Incríveis Objetos & Histórias de Lebensraum (2005), Osculum Obscenum (2008), O Rei Era Assim (2011), Exposição das Tripas (2014) e Balido do Branco (2017). Participou de coletâneas no Brasil e exterior (Peru, Argentina e México).

PEIXES COLORIDOS DE ALTO-MAR | Paulo Sandrini

Editora: Kafka Edições;
Tamanho: 170 págs.
Lançamento: Outubro, 2017

Tags: Crítica LiteráriaKafka EdiçõesLiteraturaliteratura paranaenseLombada LiteráriaPaulo SandriniPeixes coloridos de alto-marResenhaReview

VEJA TAMBÉM

Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.
Literatura

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Nascido em Fortaleza, o escritor Pedro Jucá vive em Curitiba. Imagem: Reprodução.
Literatura

‘Amanhã Tardará’ emociona ao narrar o confronto de um homem com seu passado

28 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.