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Home Literatura

‘Rua de dentro’: os caminhos óbvios de Marcelo Moutinho

Contos que formam ‘Rua de dentro’, de Marcelo Moutinho, esbarram em lugares comuns e retratos planificados de seus personagens.

porJonatan Silva
24 de julho de 2020
em Literatura
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Em uma das cenas mais famosas de Orfeu, obra máxima de Jean Cocteau, o personagem-título entra em um espelho para escapar de sua realidade de solidão e ausência. É a partir desse ato – a tentativa de escapar da realidade – que Orfeu desce ao inferno.

A literatura de Marcelo Moutinho vai no sentido contrário: é o escrutínio da realidade em seu estado puro. Rua de dentro reúne contos que revelam uma existência partida, calejada pelas dores que a desigualdade coloca no caminho. Como em Ferrugem, seu livro anterior, Moutinho usa a vida de gente comum e a linguagem muito próxima à crônica para tentar entender as lacunas que povoam o Brasil.

Ao mesmo tempo, a despeito das encenações do cotidiano, Rua de dentro é um livro de obviedades. Na contramão de Ferrugem, os contos desse volume acabam por cair em uma espécie de senso comunitário. “Purpurina”, texto que abre Rua de dentro, é uma fábula fácil sobre o amadurecer da sexualidade, colocando na figura da mulher trans uma relação pragmática – e planificada – consigo e com os outros. “Memória da chuva” é um relato sobre as dicotomias do morro e do asfalto, porém, se perde ao expor aquilo que é ordinário sobre a questão. Ambos são movimentos centrífugos de uma tentativa de literatura que aposta em lidar com o diverso e acaba por esbarrar em suas próprias limitações.

Não é exagero dizer que Moutinho materializa a tentação de criar uma literatura que se diz urgente e que esbarra em seus pecadilhos.

Na busca pela banalidade do mal cosmopolita e pelos medos urbanos, Moutinho constrói o frágil “Ocorrência”, um conto sobre delitos morais e afetivos. É, mais uma vez, a realidade escarrada a naufragar em um mar de lama, o mesmo mar de lama que transborda em “Militante” – sobre o aliciamento político e a cegueira ideológica que assombra dia após dia – e em “Fada do dente” – uma narrativa a respeito da ausência em pais, fisicamente, presentes.

À margem

Se de um lado há as coincidências da cidade grande – “Endeless love” –, de outro existem o mecanicismo da sobrevivência – “Um dia qualquer”, o melhor texto do livro – e a precarização da vida diária – “Comida a quilo” e “Nota dez”. Sob esse prisma, o autor faz seu caminho por vias esquemáticas, delineáveis, sem exigir do leitor a sua parcela crítica nesse processo de leitura.

Não é exagero dizer que Moutinho materializa a tentação de criar uma literatura que se diz urgente e que esbarra em seus pecadilhos. Conto a conto, o autor faz a fórceps um livro raso, que tenta acertar ao trazer a imagética dos merdunchos de João Antônio. Entretanto, falta ao texto uma tessitura narrativa que vá além da margem, que seja capaz de percorrer, como diz o título, as ruas de dentro de uma sociedade em permanente colapso.

RUA DE DENTRO | Marcelo Moutinho

Editora: Record;
Tamanho: 128 págs.;
Lançamento: Fevereiro, 2020.

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Tags: book reviewCríticacrítica literáriaeditora RecordFerrugemJean CocteauJoão Antônioliteraturaliteratura cariocaMarcelo MoutinhoOrfeuresenhaRio de JaneiroRua de dentro

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