O passeio Linha Preta é um dos trajetos turísticos mais especiais de Curitiba. Concebido durante o II Congresso de Pesquisadores/as Negros/as da Região Sul (COPENE SUL), ele envolve 21 locais históricos ligados à população negra em Curitiba. Mas, no próximo sábado, dia 2 de setembro, o passeio terá uma programação especial.
O percurso foi alterado para que os presentes participem da inauguração da Estante Afro – Maria Agueda, que irá ocorrer na Biblioteca Pública do Paraná. A estante deve reunir uma grande quantidade de fontes de pesquisa sobre a cultura afro brasileira e paranaense. “Para coroar os 20 anos de ensino da história e cultura afro no currículo escolar, a estante afro-brasileira na Biblioteca Pública é um fato histórico. Aos poucos vamos rompendo o consenso da invisibilidade e a visibilidade do consenso”, destaca o escritor e ativista Kandiero, um dos idealizadores do Linha Preta.
Quem foi Maria Águeda?
Segundo conta os relatos históricos, Maria Águeda foi uma mulher de pele parda que foi presa e castigada ao se rebelar contra as ordens do mais poderosos. Em 15 de agosto de 1804, na frente da matriz da vila de Curitiba, Maria Águeda, que era moradora do bairro de Tingüi-Cuera (que hoje corresponde ao município de Araucária) teria recebido ordens das filhas da elite curitibana.
“Para coroar os 20 anos de ensino da história e cultura afro no currículo escolar, a estante afro-brasileira na Biblioteca Pública é um fato histórico”.
Kandiero
Por ser livre, respondeu que não obedeceria, e acabou presa e sofreu várias punições. Ela tornou-se então um símbolo de resistência e de luta pela defesa de direitos e promoção do respeito em Curitiba.
O acervo da Estante Afro será doado pela Centro Cultural Humaitá, fundado em 2006, e terá mais de 500 livros. “O acervo era para o Centro de Referência da Cultura Afro, que quase se tornou realidade no Viaduto Capanema, em 2016. Com a impossibilidade de concretizar este sonho, encontramos na Biblioteca Pública do Paraná uma parceria importante para dar continuidade ao esforço de valorizar e dar visibilidade à história e cultura afro no Paraná”, afirma Kandiero.
Para Melissa Reinehr, pesquisadora, guia e uma das idealizadoras da Linha Preta desde 2015, “a Biblioteca Pública do Paraná é um ponto de memória relevante para a história afro-curitibana, pois a engenheira Enedina Alves Marques participou de sua construção. A primeira mulher engenheira do Paraná e primeira engenheira negra do Brasil é reconhecida, não apenas pelo seu pioneirismo, mas pela maestria nos cálculos e rigor das obras que acompanhou, dentre as quais se destaca o Colégio Estadual do Paraná e a Usina Capivari-Cachoeira, na Serra do Mar.”
No próximo sábado, o passeio Linha Preta irá ocorrer das 9 horas até as 11 horas, e seguirá para a inauguração da estante.
SERVIÇO | Passeio Linha Preta e Lançamento da Estante Afro Maria Águeda
Onde: Centro de Curitiba, com saída nas Ruínas de Francisco;
Quando: 2 de setembro, sábado, das 9h às 11h;
Quanto: As inscrições custam 40 reais. A confirmação deve ser feita a partir deste link.
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