Marcela do Vale começou a se envolver com música cedo, logo aos nove anos de idade. Aos vinte anos, surgiu a oportunidade de trabalhar como técnica de som do Circo Voador, no Rio de Janeiro. Lá, foram sete anos de sua vida usados trabalhando próximo do que tanto amava, do que parece ter, sem dúvida, nascido pra ser seu ofício.
Talvez, chamá-la por seu nome de batismo não gere identificação, e isso ocorre por a conhecermos como Mahmundi, a cantora que acaba de lançar seu primeiro álbum completo, o incrível, sensual e homônimo Mahmundi.
No Circo Voador foram inúmeras as montagens de palco, cabos enrolados e caixas carregadas. Preconceito? Não tenha dúvidas. Mahmundi passou por todo tipo de aperto, como contou em entrevista à NOISEY. “Sempre tem preconceito, e não é só por homens, sabe? Muitas mulheres são preconceituosas também”, afirmou. Por sorte, esses obstáculos não impediram que ela seguisse em direção à sua paixão. “Tive homens e mulheres maravilhosos na minha vida que me ensinaram muitas coisas, foram sempre gentis e que me deram muita força pra focar no trabalho”, disse a cantora.
Até chegar em Mahmundi, Marcela gravou dois EPs: Efeito das Cores, de 2012, e Setembro, de 2013. Já com esses dois esboços, Mahmundi ganhou o sugestivo e carinhoso apelido de “a nova Marina Lima”. Porém, ainda que hajam elementos na sonoridade da jovem cantora com a piauiense e um dos ícones da MPB, Mahmundi caminha muito bem fazendo paralelo com diferentes abordagens e movimentos musicais contemporâneos, e não apenas do Brasil.
O álbum é um reflexo direto de toda carreira de Mahmundi. Sensual, quente, radiofônico, repleto de charme e sensualidade.
Suas referências passam por nomes ímpares como Nina Simone, Rita Lee e Dona Ivone Lara, mas é em Feist, cantora canadense, que Mahmundi deposita algumas páginas de idolatria. “[Ela é] jovem, já teve banda de punk, toca bateria, ama trabalhar com som e tem uma das vozes mais deliciosas que já ouvi na vida”, sentencia.
O álbum, lançado pela Steromono / Skol Music, foi produzido pela própria cantora e quase todo gravado em seu home studio, no Rio de Janeiro. Das dez faixas, cinco já são conhecidas do público, mas ganharam novas roupagens, entre elas “Calor do Amor”, presente no EP Efeito das Cores. Alçado rapidamente ao posto de hit, sua contagiante batida já lhe rendeu o Prêmio Multishow de Música Brasileira, em 2013, justamente na categoria Novo Hit. No ano seguinte, ganhou novamente o prêmio, porém, na categoria Nova Canção, por “Sentimento”, faixa que encerra Mahmundi.
O álbum é um reflexo direto de toda carreira de Mahmundi. Sensual, quente, radiofônico, repleto de charme e sensualidade, emergindo criatividade e beleza ao mergulhar em referências não tão populares nos dias atuais, em especial a fase mais preciosa de Marina Lima nos anos 80, quando seu irmão, poeta e filósofo Antonio Cícero foi seu grande parceiro nas composições. Mahmundi está para hoje como Fullgás (1984) e Virgem (1987) estiveram para a década de 1980. Candidatíssimo a melhor disco brasileiro do ano.
NO RADAR | Mahmundi
Onde: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Quando: 2012
Contatos: Facebook | Twitter | YouTube | Instagram | SoundCloud
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