A banda que iremos falar a seguir foi formada por estudantes da Universidade de Berkeley, na Califórnia. Eles se conheceram por lá, mas antes de terem ido para as cadeiras universitárias rodaram o mundo, viajando e conhecendo novas culturas. Por conta disso mesmo, o nome da banda é Trails and Ways – Trilhas e Caminhos, numa tradução bem rasa. Os integrantes da banda estiveram (principalmente) no Brasil e Espanha, e um dos componentes (Keith Brown) morou por um tempo em terras brasileiras.
Embora tenham aproveitado a trip para curtir a beleza nativa (com direito a baladas e praias) a intenção não era só essa: eles tinham interesses em conhecer música e cultura desses países, curiosidades e modus vivendi. Então, sem que soubessem que um dia teriam uma banda, cada um deles aprofundou-se (como pôde) na música regional dos países que visitavam, seja ouvindo ou mesmo tomando aulas de instrumentos nativos. Ou seja, muniram-se de influências de diferentes lugares, para formar o que hoje são.

Após alguns singles lançados pela internet, em 2015 a banda lança o seu primeiro Long Play, chamado Pathology. O resultado dessa miscelânea de influências e vivências é uma música bastante alegre, solar, clima de veraneio. Trails and Ways soa como um dream pop contemporâneo com esse diferencial de world music, um leque de possibilidades que “soma” algo no gênero, que já possui como característica latente essa intermusicalidade.
O resultado dessa miscelânea de influências e vivências é uma música bastante alegre, solar, clima de veraneio.
Pathology possui onze músicas, sendo que três delas (“Jacaranda”, “Nunca” e “Terezinha”) já fazem menção direta ao português logo no nome da canção. Em “Terezinha”, a letra faz menção a Jericoacoara, Fortaleza, Floresta da Tijuca. Em “Nunca”, os grafites de São Paulo são lembrados. Portanto, o Trails and Ways procura manter uma familiaridade com o Brasil, o que os faz (eles próprios) denominarem-se um “shoegaze brasileiro”.
Alguns críticos de música afirmam que a banda traz muito da bossa nova para a sonoridade, algo que não parece muito perceptível ao ouvir o disco na íntegra. De fato, a banda trouxe elementos novos para o dream pop, mas nada que venha a lembrar um João Gilberto, Carlos Lyra, Zimbo Trio, Sambalanço, entre outros. A banda está mais para os seus pares, mesmo: Chvrches, Tame Impala, Unknown Mortal Orchestra. O synthpop oitentista, uma pegada leve de psicodelia e o clima do verão.
Trails and Ways é o resultado dos seus próprios integrantes: suas experiências, qualidades e interesses. Além dessa musicalidade já discutida, a banda é conhecida por ser engajada, a favor de grupos ecológicos e contrário a qualquer forma de racismo. Trata-se de um grupo arejado e interessante, que vale a pena conhecer.