Durante alguns anos, as bootlegs – gravações de áudio ou vídeo de shows, ensaios e passagens de som de artistas ou grupos musicais – foram tema de debate sobre pirataria, mas, também, uma forma de disseminar o trabalho de gente que viria a marcar a história da música. Como um vírus, eram espalhadas em fitas cassetes, geralmente com pouquíssima qualidade, de forma muito rápida, e chegavam aos mais longínquos lugares.
Ao menos era assim que acontecia no mundo da música pré-internet dos anos 1970, 80 e 90. Boa parte destes registros se perdeu. Outros foram transformados em formato digital e volta e meia pipocam em sites, blogs ou mesmo no YouTube.
Muito provavelmente você já tenha visto ou ouvido algum destes registros. Na virada dos anos 1990 para os 2000, muitos artistas começaram a utilizar estes materiais de forma comercial, apenas com uma grande e sensível mudança: a qualidade. O Nirvana, por exemplo, lançou o From the Muddy Banks of the Wishkah em 1996, já com Kurt Cobain falecido. O disco era um apanhado de 16 faixas ao vivo gravadas entre 1989 e 1994.
Agora, um dos grupos que melhor fez uso destes materiais foi o Pearl Jam. O primeiro registro do grupo que se tornou um produto foi um show em Las Vegas, realizado em 1993. Posteriormente, os dois shows realizados em 1998 no Constitution Hall, em Washington, também nos Estados Unidos, viraram um CD duplo. Mas foi a partir do ano 2000 que o grupo de Seattle oficializou os registros de seus shows (ou bootlegs) como um produto fixo de seu merchandising.
Todos os shows de suas turnês são gravados e disponibilizados para compra no site da banda. Sócios do fã-clube oficial, o Ten Club, têm direito a desconto e, por vezes, ganham estes registros de forma exclusiva. Você, fã brasileiro, encontra, inclusive, as faixas da primeira turnê da banda pelo Brasil, em 2005. Para quem, assim como eu, esteve presente nos shows (no meu caso, os de São Paulo e do Rio de Janeiro), estes discos funcionam, acima de tudo, como uma lembrança de um momento marcante. Afinal, nada mais clichê (e verdadeiro para um fã) do que a máxima de que “nenhum show é como o outro”.
Todos os shows de suas turnês são gravados e disponibilizados para compra no site da banda. Sócios do fã-clube oficial, o Ten Club, têm direito a desconto.
E quer uma notícia melhor ainda? Existe na internet um portal que reúne todas as bootlegs da banda desde o início dos anos 1990. O Pearl Jam Bootleg Archive é mantido por fãs fervorosos da banda e disponibiliza registros oficiais e não-oficiais do grupo ao longo dos últimos 25 anos. É possível encontrar algumas raridades, como os primeiros shows no Japão e alguns registros do início da carreira.
Constantemente atualizado – inclusive com aquelas gravações que ninguém sabe quem fez e que acabam jogadas em caixas de depósitos de antigos donos de bares e casas de shows, e vez ou outra reaparecem jogadas na internet – o Pearl Jam Bootleg Archive serve como uma descontraída forma de viajar pelo som da banda norte-americana que, juntamente com Nirvana, Soundgarden e Alice in Chains, marcou época com a geração grunge.
Podem não ser músicas novas, mas enquanto registros únicos (e valendo da máxima de que “nenhum show é como o outro”) você pode até imaginar que está ouvindo um registro inédito. Clique aqui para acessar.
Texto publicado originalmente no site Pequenos Clássicos Perdidos.
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