Muita coisa mudou na vida de Liniker, a comerçar pela repercussão de seu trabalho, primeiro agora como Liniker e os Caramelows. Mas não é só isso. Desde a divulgação do EP Cru e de vídeos no YouTube interpretando as três canções que compõem o disco, Liniker viu sua carreira decolar meteoricamente. Rodou o país, ganhou fãs, inclusive muita gente graúda da música brasileira. Fez parcerias, passou a ser escalado em grandes festivais como headliner… O futuro promissor que Cru apontava se confirmou.
Remonta chegou ao público na segunda quinzena de setembro, carregando uma enorme expectativa de público e crítica sobre o que o músico de Araraquara seria capaz com todos os holofotes virados para si. O disco conta com a produção de Marcio Arantes, músico multi-instrumentista que já trabalhou com Tulipa Ruiz, Chico César e Hermeto Pascoal (além de ter “Grão de Mar”, composição sua, gravada por Maria Bethânia), uma grande mudança após um primeiro registro feito praticamente de maneira caseira.
De Cru Liniker trouxe as três faixas, apostando em novos arranjos, além de dez faixas inédias, algumas que ele já vinha executando nas turnês. Gravada no Red Bull Studios, em São Paulo, Remonta é uma compilação de sentimentos do cantor, em que ele aproveita para se expressar como nunca havia feito antes. Foram cinco anos gestando as músicas que agora chegam ao público, e segundo o músico em entrevista a Vinicíus Felix, do Red Bull Content, “os sentimentos que acontecem nesse disco estão ali porque eles foram vividos de verdade”.

Sobre as canções que já conhecíamos, “Caeu”, “Louise du Brésil” e “Zero” ganha novas roupagens. É possível dizer que são releituras ligeiramente distintas, mais encorpadas, robustas. Havia aqui um risco, a princípio calculado, de que o público estranhasse os novos arranjos. A verdade é que as novas versões tornaram o conjunto bonito, principalmente por ter havido uma busca pela experimentação. “Se a gente acha importante mudar o arranjo de uma música, vamo mudar, sabe?”, afirma Liniker.
Remonta abre com “Intro”, uma faixa de apenas 25 segundos utilizado com intuito de proporcionar a mesma sensação que um show do grupo. Já a faixa que dá título ao disco, “Remonta”, é uma espécie de epílogo da história da carreira de Liniker. E o cantor expressa isso na faixa, sua necessidade de recompor-se, a exigência cotidiana do reparo.
Liniker continua, do alto de seus vinte e um anos, distribuindo sensibilidade e um trato literário refinado. “Tua”, com Tássia Reis nos backing vocals, é pura demonstração de sua sensibilidade, da capacidade de compor canções que retratem seus sentimentos sem pieguice. Por sinal, tanto ela quanto “Lina X” foram compostas em homenagens a amigas do cantor. Nesta, a homenageada é Linn da Quebrada. “Ela é uma das pessoas que mais me trouxe essa coisa de quebrar as coisas que eu não acreditava dentro de mim e me colocar pra fora”, talvez por isso a canção soe tão expansiva, além de dançante, ainda que finalize mais cadenciada.
Liniker continua, do alto de seus vinte e um anos, distribuindo sensibilidade e um trato literário refinado.
“Sem Nome, mas com Endereço” é mais uma marca de como Remonta trata sobre relações, nos mais diferentes níveis. “Ela e ‘Remonta’ são músicas que foram escritas para a mesma pessoa”, comenta Liniker. A faixa conta com a participação de Marcelo Jeneci no piano e sanfona.
O disco guarda espaço também para uma faixa instrumental. Talvez haja um porém justamente neste instante, não quanto à inclusão de “Funzy” no disco, mas pela presença dela no meio dele, sendo que, segundo os músicos, ela surgiu a partir das bases feitas durante a apresentação da banda nos shows. É uma quebra no ritmo do álbum desnecessária. O fuzuê volta a ganhar contornos de festa com “BoxOkê”, com a participação de Tássia Reis e Aeromoças e Tenistas Russas, primeiro single disponibilizado. Empoderamento, negritude, resistência das mulheres, de todas as minorias de poder, é disso que a canção trata, uma composição em parceria com a própria Tássia, escrita no chat do Facebook.
“Ralador de Pia” é de uma seneridade ímpar. Seu arranjo privilegia as vocalizações de Liniker sob uma base apenas com violão, até arrebentar em um ápice dramático e musical. Há uma tristeza hiper sentimental ao tratar o amor, a presença negada, os resquícios de memória impressos em inúmeros signos. Mas não é uma canção triste, é uma música sobre o amor, suas dores e belezas. Um encerramento belo e acompanhado de Tulipa Ruiz e Raquel Virgínia e Assucena Assucena, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira.
SHOW EM CURITIBA
Liniker e os Caramelows retorna a Curitiba depois de seu show no início do ano, agora para lançar Remonta. O músico e sua banda invadirão o palco da Ópera de Arame no próximo dia 15. Curitiba merece (e precisa) extravazar seus sentimentos pós-eleições. Nada melhor que isso seja feito com Liniker.
SERVIÇO | Liniker e os Caramelows na Ópera de Arame
O quê: Lançamento CD Remonta
Onde: Ópera da Arame | R. João Gava, 874 – Abranches
Quando: Sábado, 15 de outubro, às 21h
Quanto: Plateia – a partir de R$ 35 no segundo lote | Camarote – R$ 50,00 (meia entrada) / R$ 100,00 (inteira)
Onde comprar?: Ingressos à venda no site www.sympla.com.br