Trocando em Miúdos: Banda Rugas do Mar retorna às atividades e ajuda a confirmar, mais uma vez, que o Paraná é a capital do post-rock nacional.
Quantos grupos são necessários para confirmar que existe uma cena forte dentro de um gênero ou subgênero musical? Não tenho esta resposta, mas a verdade é que, dia após dia, bandas paranaenses tem deixado claro que o estado é a capital do post-rock nacional. This Lonely Crowd (leia análise aqui), Sonora Coisa (leia análise aqui) e a mais famosa de todas, ruído/mm, são bons exemplos da produção de boa qualidade no estado.
O subgênero, que tem origem no rock progressivo, jazz e shoegaze, foi cunhado pelo jornalista britânico Simon Reynolds, um dos mais influentes críticos musicais, com passagens pelo The New York Times, Spin e Mojo. E é no post-rock que o trio curitibano Rugas do Mar ancora seu trabalho.
Formada por Caio Nascimento, Juliano Evangelista e Rodrigo Barbosa no final de 2012, o grupo, que havia dado uma pausa no final de 2014, retornou para deleite dos apaixonados pelo subgênero, famoso mundialmente por nomes como God is an Astronaut, Mogwai e Explosions in the Sky.
“Talvez por conta disso a não-linearidade, juntamente com a repetição rítmica, permita que você se aproprie do som, fazendo, desta forma, doses homeopáticas de solidão doce, contudo necessária.”
![Rugas do Mar no Studio Tenda](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2015/07/rugas-do-mar-tenda.jpg)
A dinâmica do grupo – bem como do post-rock – é ampla, criando paisagens sonoras bem características. Como não há uso de recurso lírico, a narrativa das composições é feita através da textura instrumental, dos arranjos e timbres dos instrumentos dos músicos. Os dois EP’s do grupo (que você pode encontrar no Bandcamp da Rugas do Mar) apresentaram faixas bem “cruas”, ou seja, a espontaneidade foi sua maior marca.
É necessário ao ouvir a Rugas do Mar (e demais grupos de post-rock) a entrega do ouvinte. O instrumental acaba agindo de forma mais introspectiva, internalizando as sensações causadas por sua audição. O trio cria uma via de mão dupla na qual a sensibilidade musical empregada nas composições reflete a percepção de mundo e vida dos músicos, assim como é absorvida por quem os ouve, criando um circulo vicioso, porém, efêmero. Talvez por conta disso a não-linearidade, juntamente com a repetição rítmica, permita que você se aproprie do som, fazendo, desta forma, doses homeopáticas de solidão doce, contudo necessária.
A sintonia entre Caio, Juliano e Rodrigo é evidente. Prova disto é o transe criado entre os três durante suas performances e, também, a sinergia que existe com o público que comparece às apresentações. Não por acaso, já estamos à espera de novas composições que, segundo os músicos em entrevista para o Rarozine (leia aqui), não têm previsão. Só nos resta aguardar.
Rugas do Mar no Studio Tenda
[embedyt]http://www.youtube.com/watch?v=JEwYXNcnmyk[/embedyt]