As histórias das lendas brasileiras – como as do Boitatá, da Mula sem Cabeça, do Boto Rosa – podem ser contadas de várias maneiras. E que tal introduzi-las às crianças por meio de um balé? Esta é a proposta do espetáculo Lendas Brasileiras, iniciativa que une o corpo de balé do Teatro Guaíra com a Orquestra Sinfônica do Paraná.
Apresentado no Guairão, o evento é um emocionante resgate das tradições da cultura oral traduzidas por uma belíssima linguagem visual e corporal para que os pequenos e os adultos possam construir (ou relembrar) esta memória. São cinco histórias – da Mula Sem Cabeça, do Caipora, do Boitatá, do Boto Cor de Rosa e da Vitória Régia – que são levadas ao palco em uma narrativa inesquecível.
As histórias são narradas pelo ator Ranieri Gonzalez, que encarna o personagem Senhor das Lendas, responsável por contar estas mitologias aos presentes. No espetáculo, as narrativas ganham vida por meio de uma belíssima cenografia (composta por bonecos arrojados e figurinos, além de ambientação com referências a obras de Anita Malffati) criada por Ricardo Garanhani. A direção teatral é de Edson Bueno e a coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni, diretor do Balé Teatro Guaíra.
Todo o espetáculo se torna mais grandioso por ser acompanhado ao vivo por uma trilha sonora original de Alexandre Guerra, apresentada pela Orquestra Sinfônica do Paraná, sob regência do maestro convidado José Soares.
‘Lendas Brasileiras’: momento especial de mergulho na cultura brasileira
Com linguagem ágil, a peça foi planejada especialmente para as crianças, como uma introdução à plateia do teatro e, em específico, ao balé.
Lendas Brasileiras é um sucesso de público: já foi assistido por mais de 16 mil espectadores. Com linguagem ágil, a peça foi planejada especialmente para as crianças, como uma introdução à plateia do teatro e, em específico, ao balé. Neste sentido, o espetáculo é formidável: os pequenos ficam encantados ao ver uma ambientação colorida e reluzente em que as histórias são ricamente contadas, quase sempre sem o recurso da fala.
Em uma das cenas, por exemplo, vemos a transformação do Boto Rosa em um lindo moço com ares de malandro carioca, que se apaixona por uma mulher que, para viver para sempre com ele, transforma-se em sereia. Os bichos, aliás, transitam em vários momentos na plateia, aumentando a interação – algo fundamental para os jovens espectadores.
As mensagens ecológicas também perpassam o tempo todo o espetáculo. Em certo momento, um caçador mata uma vistosa onça pintada (toda a construção dos bichos articulados, como a onça e a Mula Sem Cabeça, é fantástica), gerando uma comoção nos pequenos presentes na plateia. Eles também vibram muito quando veem o palco sendo invadido por animais silvestres (como tucanos, macacos, cobras, capivaras) que conseguem resgatar o felino e trazê-lo de volta à vida.
Já para os adultos, a pegada do humor também deve agradar – como no momento em que o Senhor das Lendas trata o monstruoso Boitatá como se fosse um cachorrinho. Em suma, Lendas Brasileiras é uma atração imperdível não apenas para pais e filhos, mas para todos os humanos de alma sensível ainda capazes de se comover com a beleza.
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