Catarse é um substantivo adequado, senão preciso, para definir o que aconteceu no Guairinha (Auditório Salvador de Ferrante) na noite do último sábado, durante a primeira apresentação de Protag(agô)nistas – O Movimento Negro no Picadeiro dentro da Mostra Lúcia Camargo (principal) do Festival de Curitiba.
Criada pelo coletivo Protag(agô)nistas, formado por atores e atrizes negras, cis e trans, o espetáculo, que guarda em sua essência a linguagem circense, eletrificou a plateia que lotou o teatro. O projeto nasceu em 2019, no Festival de Circo em São Paulo, justamente por perceberem a falta de protagonismo negro no circo contemporâneo.
As altas habilidades técnicas do elenco – formado por músicos, cantores, atores, mímicos, contorcionistas, palhaços, trapezistas, bailarinos e performers – foram potencializadas pelo evidente teor ativista, não panfletário, do que se via sobre o palco, do princípio ao fim.
Desde seus primeiros momentos, a peça apresenta uma reflexão provocativa sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira e a importância da representatividade negra no circo e nas artes em geral, mas não apenas nessas áreas.
Desde seus primeiros momentos, a peça apresenta uma reflexão provocativa sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira e a importância da representatividade negra no circo e nas artes em geral, mas não apenas nessas áreas.
A peça defende, com muita energia, alegria, mas também alguma gravidade, quando necessária, a ideia de que afrodescendentes, os “pretos”, como preferem ser chamados, têm de estar em todos os lugares e, principalmente, onde quiserem e escolherem estar.
A qualidade técnica e artística da produção, além da habilidade dos artistas e da equipe de criação em transmitir uma mensagem tão potente e emocionante, levaram o público ao delírio. Sem exagero.
Embora não haja uma narrativa propriamente dita, com princípio, meio e fim, e a montagem seja a costura de vários números que se utilizam de diferentes expressões e técnicas, os temas da representatividade, do combate ao racismo e da resistência/resiliência se fizeram presentes o tempo todo, arrancando aplausos entusiasmados, gritos, por toda a plateia.
A magia se deu lá e cá, no palco, na plateia e até fora do teatro, após a apresentação.
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