William Shakespeare é praticamente uma unanimidade quando o assunto é teatro. Dono de uma obra tão inovadora quanto brilhante, vasta feito as histórias em torno de sua figura, o poeta, dramaturgo e ator britânico transformou-se em sinônimo de palco, de modo que qualquer tablado de madeira perdido no oco do mundo parece ecoar ou até mesmo ser uma pequena extensão de seu nome.
Há inexatos quatrocentos anos, essa instituição britânica terminava de escrever sua principal obra: Hamlet. A peça que conta a história do príncipe dinamarquês é tida como a obra-prima de William, mas, como tudo em torno de sua vida, está coberta pelo véu da incerteza em cada página amarelada de sua existência. Existem discussões tremendas a cerca do ano exato em que Shakespeare finalizou seu texto, como existem, também, diversas dúvidas a respeito da paternidade inconteste de outros tantos escritos, afinal apenas 16 de suas quase 40 obras estão assinadas.
Através do tempo, diversas teorias surgiram a respeito da autoria desse ou daquele texto atribuído ao poeta. Os possíveis nomes saltavam, tamborilavam nos ouvidos: Francis Bacon, Edward de Vere, John Florio. Nenhum deles, evidentemente, ganhou forças a ponto de destronar o dramaturgo, apesar de todos estarem acima de qualquer dúvida em relação à grandeza do caminho que seguiram por seus próprios trilhos. Apesar de tudo, e de todas as tentativas, William Shakespeare resistiu através dos anos e continuou o dono absoluto de tudo aquilo que carrega sua fama impressa na capa, ao menos até agora.
Jornalista publicou artigo no The Atlantic
Elizabeth questiona se a escritora italiana não teria participado da redação ou até mesmo seria responsável por algumas peças do escritor.
Elizabeth Winkler, uma jornalista até então anônima se comparada ao gênio britânico, provocou furor recentemente em um artigo publicado com o título “Shakespeare era uma mulher?”. No texto, uma investigação sobre a história de Emilia Bassano, uma das primeiras poetas publicadas no período elisabetano, Winkler enumera e demonstra algumas coincidências que respaldam a dúvida gerada pelo seu artigo.
De acordo com a jornalista, Emilia vem do Veneto, palco de obras como O mercador de Veneza e Romeu e Julieta. Além disso, seu nome, de uso incomum na época, é um dos mais presentes nas obras de Shakespeare e por ser de uma família de músicos ela seria a chave para explicar a presença de cerca de vinte instrumentos musicais diferentes nos escritos shakesperianos. Diante desses apontamentos, e de uma série de outros elementos, Elizabeth questiona se a escritora italiana não teria participado da redação ou até mesmo seria responsável por algumas peças do escritor.
É claro que é muito cedo para calcular o impacto do artigo de Elizabeth Winkler nos alicerces da dramaturgia shakesperiana. Sua fama, fundada em casa de cimento duro, tido como impenetrável, parece que mais uma vez suportará a investida sem trinca alguma. No entanto, e é impossível não repetir a pergunta que a jornalista faz logo de cara, como reagirá o mundo se a dúvida tornar-se certeza e William Shakespeare for, também, uma mulher?
Você pode ler o artigo na íntegra (em inglês) bem como os desdobramentos do artigo (em inglês). Após isso, compartilhe conosco suas impressões a respeito.