Vai ano, entra ano e a gente fica sem saber como conseguimos assistir a tantas séries. Ainda assim, se você olhar com cuidado, vai perceber que poderia ter assistido muito mais. As produções britânicas continuam excelentes, os streamings, além da Netflix, estão entregando conteúdo realmente acima da média e há sempre aquela velha televisão aberta que, de vez em quando, mostra algo impressionante.
Na minha lista particular do ano vai ficar faltando séries muito queridas pelo o público, mas que eu não consegui assistir. Portanto, não estranhe a ausência da última temporada de The Americans, o segundo ano de The Deuce e ou a volta de Atlanta. Essas séries certamente mereceriam estar na aqui, mas só não entram pelo único motivo de que este colunista ainda não teve tempo para conferir. Poderíamos citar também GLOW, The Terror, Jane The Virgin, The Good Fight, The Marvelous Mrs. Maisel e por aí vai, mas nenhum humano consegue ver tanta coisa ao mesmo tempo.
Um detalhe importante sobre a lista abaixo: algumas séries não foram perfeitas ao longo de suas temporadas. Alguns episódios ruins ou uma temporada inconsistente diminuíram o impacto da experiência, mas ainda assim foram séries que marcaram o ano. Há também uma série que começou sua temporada em 2017, mas só encerrou este ano, por isso também entra na lista.
Sem mais enrolação, vamos a difícil tarefa de escolher as 10 melhores séries do ano, na minha humilde opinião.
10. Sorry for Your Loss (Facebook Watch) – 1.ª temporada
Quem diria que o Facebook começaria a fazer séries! E quem diria que faria uma série tão impactante. Sorry for Your Loss talvez tenha sido a minha maior surpresa do ano. Contando a história de uma mulher sofrendo o luto pela morte recente do marido, Sorry for Your Loss abordou a dor da perda de maneira delicada, crua e em episódios extremamente sensíveis que não devem nada para qualquer série de canal fechado ou streaming. Além do mais, conseguiu apresentar um drama denso com episódios de apenas meia hora. Nossa vida social agradece.
9. The Handmaid’s Tale (Hulu/Paramont Channel/Globo Play) – 2.ª temporada
É verdade que, analisando agora mais friamente, a segunda temporada de The Handmaid’s Tale foi bem inferior à primeira. A série deu voltas e voltas, entregou vários furos no roteiro e acabou mostrando o sofrimento apenas pelo sofrimento gratuito. A gente teve de fechar os olhos e nos convencer de que tudo aquilo era, hã, o desenvolvimento da personagem. Ainda assim, por causa do momento atual em todo o mundo, O Conto da Aia acaba sendo uma experiência avassaladora. O segundo ano teve momentos impactantes que certamente ficarão na nossa memória. Só esperamos que a terceira temporada bote a série nos trilhos novamente.
8. Forever (Amazon Prime) – 1.ª temporada
Viver com a pessoa amada durante a vida inteira é tudo o que a gente deseja, certo? Bem, talvez. Mas quando uma mulher começa a sentir uma crise forte no casamento e acaba constatando que precisará viver para todo o sempre ao lado do marido, as coisas tomam outra perspectiva. Forever é aquela série aparentemente engraçadinha que te pega desprevenido e aí você acaba paralisado em frente à TV pensando nas escolhas da vida. É para isso que a arte serve.
7. Kidding (Showtime) – 1.ª temporada
Na mesma linha de Forever, Kidding mostra a jornada de um homem que vive para fazer a alegria das crianças, mas na vida pessoal precisa enfrentar a crueldade das pessoas, o relacionamento conturbado com a ex-mulher e o filho e ainda a sórdida depressão. Kidding mostra um Jim Carrey inspirado e um dos texto mais melancólicos do ano embalado por uma leve comédia. Imperdível.
6. Pose (FX) – 1.ª temporada
A última criação de Ryan Murphy para a televisão fechada não poderia ter sido melhor. Pose se passa nos anos 1980 e mostra a cultura ball, a luta das drag queens pela sobrevivência e a cruel epidemia da Aids, que assolava o mundo e entregava uma sentença de morte para as pessoas mundo afora. O texto não é nada sutil e as situações beiram a cafonice, mas Murphy sabe o que faz. O resultado é uma série extremamente emocionante, com personagens tão incríveis que você tem vontade de morar dentro da série. Eu não vejo a hora de uma segunda temporada.
5. Objetos Cortantes (HBO) – Minissérie
Durante um tempo não se falou de outra coisa senão de Objetos Cortantes. A série, estrelada por Amy Adams, alavancou a audiência da HBO e nos entregou uma história densa, pesada e depressiva, assim como o livro. É verdade que lá pelo meio da temporada Objetos Cortantes perde o ritmo e acaba ficando pretensiosa demais, mas o roteiro acertou ao nos mostrar uma história incômoda e com um final bastante perturbador.
4. American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace (FX) – 2.ª temporada
Mais um acerto de Ryan Murphy. Após o absurdo sucesso de The People vs. O.J. Simpson, a antologia voltou com a promessa de contar o mundo de Andrew Cunanan, garoto de programa e serial killer que matou pelo cinco pessoas nos anos 1990 — incluindo o estilista Gianni Versace. Quem esperou ver detalhes da vida da família Versace, saiu frustrado. Quem compreendeu que a série, na verdade, tinha o propósito de mostrar um personagem doente vivendo em uma sociedade ainda mais perturbada, acabou acompanhando uma das séries mais impressionantes do ano. E Darren Criss provou ser um excelente ator.
3. This Is Us (NBC) – 2.ª temporada
Quem achou que não seria possível chorar mais, chorou muito mais. O segundo ano de This Is Us começou no fim de 2017, mas só terminou este ano. E foi em 2018 que soubemos todos os detalhes da morte de Jack, algo prometido desde 2016. O resultado foi a gente soluçando e sofrendo junto com todos os personagens. This is Us continua sendo a série que acalenta o nosso coração.
2. Killing Eve (USA/Globo Play) – 1.ª temporada
O jogo de gato e rato entre Eve e Villanelle foi certamente uma das coisas mais empolgantes do ano. Difícil de categorizar, Killing Eve mistura comédia, ação e thriller para mostrar a caçada de Eve (Sanda Oh) para prender uma psicopata sádica, carismática e irresistível. As duas mulheres começam a ficar obcecadas uma pela outra e o resultado é uma série tensa, engraçada, inteligente e de prender o fôlego. Recomendadíssimo.
1. A Maldição da Residência Hill (Netflix) – 1.ª temporada
Não é nada fácil fazer uma série de terror e muito menos trabalhar com todos os clichês já feitos no universo do horror. Pois A Maldição da Residência Hill consegue fazer isso de maneira exemplar, transformando uma simples história de uma casa mal assombrada em um poderoso drama familiar em que, além de você se assustar de verdade, ainda se envolve com uma família carismática que te acompanha mesmo depois de você terminar de ver a série (credo). A Maldição da Residência Hill certamente foi um dos grandes acertos da Netflix, especialmente por causa dos episódios 6 e 7, uma das melhores coisas que eu já vi no ano.
Se o mundo fosse justo, minha lista também incluiria Homecoming (primeira temporada, Amazon Prime), Homeland (sétima temporada, FX) e Easy (segunda temporada, Netflix). Mas é isso. Nos vemos ano que vem com muito mais séries e temporadas.