Quem gosta de dramas envolvendo medicina e questões de saúde dificilmente irá discordar: a série ER (que passou no Brasil como Plantão Médico) estabeleceu um padrão de qualidade que nunca chegou a ser atingido pelas narrativas que a sucederam. A densidade do roteiro e o nível do realismo das cenas fizeram com que esta se tornasse uma das atrações televisivas mais queridas e respeitadas da TV americana.
ER durou 15 temporadas, exibidas entre 1994 e 2009, e trouxe incontáveis personagens e enredos que giravam em torno da emergência do County General, hospital público localizado em Chicago (a cidade, inclusive, é um tema recorrente na série). De certa forma, dá para dizer que, enquanto a famosa Grey’s Anatomy retrata a vida luxuosa de médicos e pacientes, ER se equivale a uma representação da realidade do SUS.
Ainda que sua qualidade tenha decaído ao longo dos anos (um problema inevitável a histórias que são alongadas por tanto tempo), o fato é que o nível estabelecido por ER foi altíssimo. E alguns episódios são especiais e ajudam a entender por que o drama da NBC continua sendo tão marcante.
Neste texto, escolhemos os 6 melhores – com a ciência de que há muitos episódios maravilhosos que ficaram de fora da lista.
1. “24 Hours” (temporada 1, episódio 1)

Um indício de uma série estupenda é quando o primeiro episódio piloto (que tem uma hora e meia) é arrebatador e segue sendo discutido por anos – lembre-se, por exemplo, do episódio dos patos em The Sopranos.
ER inicia de uma forma muito vigorosa e em ritmo alucinado que dá a tônica do que viria pela frente. Aqui já conhecemos os personagens que marcariam a série: os médicos Mark Greene (Anthony Edwards), Doug Ross (George Clooney) e o novato John Carter (Noah Wyle). E preste atenção no enredo em torno da enfermeira Carol (Julianna Margulies), que é extremamente tocante.
2. “Hell and High Water” (temporada 2, episódio 7)

Este é tido como um dos episódios mais marcantes de ER, e responsável por ter catapultado George Clooney para uma carreira gloriosa no cinema. Tenso do início ao fim, aqui Mark Ross tenta resgatar um menino preso em um bueiro inundado pela chuva torrencial típica de Chicago.
Uma curiosidade: é um dos episódios com maior audiência, e foi assistido por 42 milhões de americanos no dia em que foi exibido.
3. “All in the Family” (temporada 6, episódio 14)

ER também foi mestre em apresentar episódios que pareciam durar o tempo de um fôlego. O dolorido All in the Family é um deles. No anterior, havia ocorrido uma das cenas mais tensas de toda a série: o ataque de um paciente esquizofrênico aos médicos Carter e Lucy (Kellie Martin). Neste, a doutora Kerry Weaver (Laura Innes) encontra os dois e ficamos acompanhando se eles irão conseguir sobreviver.
4. “On the Beach” (temporada 8, episódio 21)

Muita gente cita On the Beach como o seu episódio favorito de toda a série – e não é por acaso. Se você é envolvido com os personagens de ER, não conseguirá não se comover com esse, que marca a despedida do médico Mark Greene da trama.
5. “Kisangani” (temporada 9, episódio 22)

ER era uma série de orçamento milionário, e uma parte que evidencia isso são os episódios que foram gravados em países da África, depois que alguns médicos resolvem que havia chegado a hora de prestar algum serviço nos Médicos sem Fronteiras. São, sem dúvida, momentos fortíssimos de ER, e que tentam trazer à TV americana alguns retratos dos conflitos e da miséria enfrentada por essa população. Não por acaso, alguns atores (como Mekhi Phifer, que viveu o doutor Pratt) continuaram envolvidos com ONGs de países africanos após terem participado dos episódios.
6. “Time of Death” (temporada 11, episódio 6)

Outra característica de ER é que, eventualmente, a série apostava em episódios isolados em torno de um único ator convidado. Time of Death, que é protagonizado pelo saudoso Ray Liotta, é um desses casos. Nele, um ex-presidiário alcoólatra chega ao County General em seus estágios finais de cirrose.
Os médicos o auxiliam para uma morte mais tranquila, enquanto o homem recapitula (em boa parte, por meio de sonhos e alucinações) tudo o que fez durante sua vida. Ray Liotta ganhou um Emmy como melhor ator convidado em série dramática por essa atuação.
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