A terceira temporada da aclamada série Atlanta, que chegou recentemente ao catálogo da Netflix, passou por um hiato de quatro longos anos até ser produzida.
Com uma mistura única de comédia, drama e horror, a série criada e estrelada por Donald Glover tem sido conhecida por desafiar expectativas e explorar temas profundos relacionados à experiência dos negros estadunidenses. A espera pode ter sido longa, mas o impacto duradouro da série foi reafirmado.
Desde sua estreia em 2016, Atlanta tem sido uma série difícil de categorizar. A cada episódio, ela desafia os limites dos gêneros, alternando entre momentos hilários, momentos de tensão dramática e mergulhos profundos no horror. A terceira temporada manteve essa tradição, levando os espectadores a novos lugares enquanto manteve uma sensação constante de incerteza.
Novos lugares, mesmo estilo: a terceira temporada de ‘Atlanta’
A terceira temporada não é diferente, abordando temas como o apagamento histórico de comunidades negras, a violência racial e a intolerância disfarçada de brincadeira inofensiva.
Uma das principais características de Atlanta é sua exploração contundente das questões raciais nos Estados Unidos. A série retrata a vida dos personagens negros e como a fortuna deles pode mudar em um instante.
A terceira temporada não é diferente, abordando temas como o apagamento histórico de comunidades negras, a violência racial e a intolerância disfarçada de brincadeira inofensiva.
A terceira temporada de Atlanta nos leva a novos lugares, afastando-se do cenário habitual da cidade que dá nome à série. Earn, Alfred e Darius embarcam em uma turnê pela Europa, abrindo espaço para reflexões sobre a identidade e a experiência negra em diferentes contextos culturais. A série continuou a surpreender, oferecendo uma visão fresca e inesperada enquanto manteve sua essência inconfundível.
Os novos episódios de Atlanta marcaram uma mudança na vida dos personagens principais. Paper Boi agora é um artista em ascensão e enfrenta novos desafios e privilégios enquanto está em turnê pela Europa. A série continua a explorar a complexidade desses personagens e suas lutas pessoais, mantendo-os como peças centrais de uma narrativa envolvente e cheia de reviravoltas.
‘Atlanta’ além de ‘Atlanta’
Os dois primeiros episódios da terceira temporada de Atlanta começam com uma história assombrosa e surreal. Conhecemos Loquareeous, um jovem negro que é colocado para viver com duas mulheres brancas. Essa trama paralela, inspirada em eventos reais perturbadores, mergulha em questões de raça e identidade, ressaltando o passado histórico de violência e opressão enfrentado pela comunidade negra.
Enquanto os personagens principais estão em turnê pela Europa, o segundo episódio revela o lado obscuro da aparente acolhida que Alfred, também conhecido como Paper Boi, recebe na Holanda. Durante a temporada de Natal, surge a discussão em torno da tradição do “Zwarte Piet”, um personagem associado ao racismo histórico por sua representação em blackface. A série aborda o impacto dessas práticas racistas na vida dos personagens negros.
A tônica perpassa os dez episódios que compõem a terceira temporada da série, o que pode tornar a compreensão sobre seu subtexto complicada. O trabalho de Glover cruza muito com o do cineasta Jordan Peele, em especial por rejeitar as normas esperadas. Acompanhar a repercussão entre a audiência, passado um ano de seu lançamento nos Estados Unidos, deixa claro que o conflito racial segue quente por lá (e em diferentes locais, inclusive o Brasil).
Um dos aspectos intrigantes da terceira temporada é a mudança do cenário principal para a Europa. Essa mudança levanta questões sobre a identidade dos personagens e o significado geográfico de Atlanta para eles. A série explora se ela é apenas um lugar físico ou uma parte indissociável de sua história e identidade, revelando as complexidades de pertencer a uma comunidade e enfrentar desafios externos e internos.
O trabalho de Glover, que se envolve na produção, atuação, direção e roteiro, com o diretor Hiro Muraim parceiro em “This Is America”, não perdeu sua força após o hiato de quatro anos.
Com sua narrativa envolvente, abordagem corajosa de questões raciais e capacidade de se reinventar, Atlanta continuou (e continuará, mesmo após seu fim) a ser uma das séries mais relevantes e impactantes.
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