Alguns dizem que o maior inimigo de uma série é o baixo número de audiência, afinal, de que adianta financiar um produto se ele não é consumido por ninguém? Porém, esse não é o único vilão.
Com uma sede insaciável por lucro, muitas vezes os executivos acabam sabotando seus próprios negócios querendo interferir no desenvolvimento das tramas, estendendo a “vida útil” de suas produções, transformando-as em verdadeiros caça-níqueis. Ou seja, ótimo para os figurões da emissoras, mas lamentável para o caráter artístico do material produzido.
O resultado é uma maré de frustrações sofrida pelos telespectadores ao se depararem com o enfraquecimento da narrativa de suas séries favoritas, muitas vezes chegando ao ponto de desejar o cancelamento súbito de alguma produção, para que ela chegue ao fim com o mínimo de dignidade que a resta. Essa semana, fizemos um apanhado de produções cujas trajetórias ultrapassaram o prazo de validade e sofreram desse mal dos executivos sedentos.
‘Heroes’
Em tempos de Lost, o tom enigmático da série foi uma ótima estratégia para conquistar uma audiência expressiva. Somado ao clima de histórias em quadrinhos, a trama conseguiu manter uma legião fiel de fãs que a encarava como uma série de super-heróis para adultos.
O primeiro ano foi extremamente satisfatório – quem não se empolgava com aqueles personagens carismáticos e com todo o mistério em torno de “save the cheerleader; save the world”? – mas aos poucos a trama foi se enfraquecendo, dando indício de que o criador não sabia mais qual caminho seguir. E foi exatamente isso que aconteceu. Após muitas críticas negativas, Tim Kring deu uma entrevista à EW! admitindo as falhas que haviam cometido desde o término do primeiro ano da série.
‘How I Met Your Mother’
Foram nove anos divididos entre diversão, lágrimas e úlceras nervosas. Por três anos, HIMYM soube dosar muito bem o mistério acerca da identidade da Mother e as histórias divertidas que levaram o protagonista a conhecer a esposa. A química do elenco principal era impecável, tanto é que, graças a ela, a série ainda conseguia a audiência necessária para se manter no ar, caso contrário, teria sido cancelada bem antes de vermos a sombra da mãe.
A enrolação foi tanta que conseguiram manchar até o grande astro da série: o mulherengo Barney Stinson. No final, como aguardado, fomos apresentados a tão comentada mãe que, convenhamos, era perfeita para Ted, mas a exaustão causada pela trama arrastada ofuscou completamente sua passagem pela série.
‘The Vampire Diaries’
No embalo do filme Crepúsculo, o canal CW também resolveu apostar no universo vampiresco, porém, indo para lado oposto do romancezinho água com açúcar da trilogia cinematográfica. The Vampire Diaries não poupou sangue ao apresentar uma trama mais madura e cruel. Suas duas primeiras temporadas superaram as expectativas dos amantes do gênero teen. O problema foi os roteiristas não saberem controlar a vontade de desafiar as leis da natureza. O mata e desmata começou a rolar solto, evidenciando a dificuldade em dizer adeus a certos personagens.
O resultado é uma maré de frustrações sofrida pelos telespectadores ao se depararem com o enfraquecimento da narrativa de suas séries favoritas.
‘The Office’
Por nove anos, The Office foi a galinha dos ovos de ouro da NBC. Com um estilo não muito explorado até então, o mockumentary, a série mostrava o dia-a-dia da pequena filial da empresa de papéis Dunder Mifflin, na cidadezinha de Scranton, Pennsylvania.
Durante sete anos fomos agraciados com inúmeros momentos de vergonha alheia ocasionados por Michael Scott, protagonista e gerente regional da empresa de papéis. Apesar de contar com um elenco primoroso para a comédia, Steve Carell era a verdadeira estrela da atração. Quando o ator resolveu deixar a série, no final da sétima temporada, a produção sentiu o baque e nunca mais foi a mesma.
‘Smallville’
Grande sucesso no início dos anos 2000, a série do Superboy teve vida longa – e até demais: 10 temporadas. Com o intuito de focar na trajetória do jovem Clark Kent rumo a sua transformação em Superman, a série começou como um divertido passatempo para os amantes de quadrinhos, mas, ao longo dos anos, foi se distanciando de sua premissa e se tornando praticamente um spin-off de si mesma.
Pode-se dizer que a carruagem começou a desandar já na quarta temporada, com a história das bruxas ancestrais. Depois veio a despedida de dois personagens importantíssimos para o homem de aço: Lana Lang e Lex Luthor. Por fim a mudança de endereço: Metrópolis. Os roteiristas até que se esforçaram, apresentando uma versão da Liga da Justiça, mas a reta final estava tão sofrida que nem o carisma das primas Lois e Chloe estavam dando conta do recado.
‘Grey’s Anatomy’
Desde que estreou, em 2005, os dramas de Grey & amigos sempre estiveram na boca do povo. Elenco entrosado, personagens cativantes/diversificados, arcos dramáticos de cortar o coração, tudo o que uma série precisa ser para fazer sucesso. Mas aos poucos o seriado foi virando uma Malhação hospitalar.
O que antes gerava comentários entusiasmados nas rodinhas de bate-papo, agora passou a ser motivo de chacota e indignação entre os aficcionados por televisão. O elenco renovado ao longo dos anos, que era para trazer um frescor à série, acabou apenas intensificando a saudade de personagens marcantes como George, Mark, Lexie e Yang.
As mortes são um caso à parte. No começo era até chocante, mas 11 temporadas depois, virou motivo de chacota. Grey’s Anatomy foi recentemente renovada para a 12ª temporada.
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