Longa-metragem dirigido por Cameron Crowe, Sob o Mesmo Céu, que estreou esta semana nos cinemas de todo Brasil, talvez seja um dos trabalhos mais fracos do diretor de Singles – Vida de Solteiro, Jerry Maguire – A Grande Virada, Quase Famosos e Pearl Jam Twenty. Mesmo com um elenco recheado de grandes atores, como Bill Murray, Alec Baldwin, Emma Stone e Bradley Cooper, o filme empaca ao deixar boa parte deles subaproveitados.
O longa narra a história de Brian Gilcrest, personagem de Cooper, um ex-militar que, após falhar em uma missão no Afeganistão, torna-se funcionário de uma empresa de defesa e retorna ao Havaí, sua terra natal, para negociar a exploração de terras e supervisionar o lançamento de um satélite.
Em terras havaianas, Gilcrest entra em contato com seu passado e suas raízes. A explosão de uma bomba enquanto servia no Afeganistão o deixou manco, e nisso reside uma analogia entre sua situação e o peso de suas falhas (profissionais e pessoais), que o personagem carrega desde então.
Há, nas entrelinhas do roteiro de Crowe, uma conotação política muito forte, que o diretor faz questão de evidenciar nos pequenos detalhes do longa.
Entre a tensão de seu reencontro com uma antiga namorada, Tracy (interpretada por Rachel McAdams, do seriado True Detective), a relação com sua terra natal, a humilhação das cobranças de seu antigo superior no exército (Alec Baldwin) e a pressão de seu novo chefe (Bill Murray), Gilcrest entra em contato com sua essência, seu “mana”, por intermédio de Allison Ng (Emma Stone). Ela é uma militar novata, escalada para ser a acompanhante de Brian durante seu tempo na ilha.
Há, nas entrelinhas do roteiro de Crowe, uma conotação política muito forte, que o diretor faz questão de evidenciar nos pequenos detalhes do longa. O Havaí é um estado norte-americano que foi tomado e anexado militarmente pelos Estados Unidos ainda no século 19. Desde a década de 1970, cresceu por lá um movimento que luta por uma maior autonomia do território frente ao governo de Washington.
Sob o Mesmo Céu não caiu nas graças da crítica especializada. Com um roteiro em alguns momentos muito confuso, Crowe parece, por vezes, querer fazer de seu longa uma espécie de ode ao Havaí. Os enquadramentos, locações e até algumas cenas completamente fora do contexto da narrativa fazem questão de evidenciar a beleza e riqueza cultural da ilha, enquanto a presença de muitos havaianos e a constante utilização de elementos culturais e simbólicos se confundem com a trama. E isso, no fim das contas, joga contra o filme.
Também foi muito criticada a escolha de Emma Stone para interpretar uma descendente de havaianos. Além da clara falta de identificação no biotipo, a atuação da queridinha de Hollywood é repleta de exageros, e seu arco narrativo é confuso e um tanto incoerente. Resta apreciarmos a beleza do cenário. Sem dúvida, a melhor coisa de Sob o Mesmo Céu.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.