As necessidades do sujeito em trânsito são evidenciadas tanto nos deslocamentos físicos em busca de melhorias econômicas e afetivas, quanto nos deslocamentos simbólicos vividos pelos meios globalizantes, provocando mudanças externas e internas no modo de interagir com os outros e com si mesmo.
A arte em movimento representa o movimento migratório, acompanhando as transformações sociais que ocorrem nas saídas e retornos, transpondo para a tela do cinema deslocamentos e afetos daquele que transita, se acomoda ou não em novos locais, em busca de utopias e realidades, realizações e agruras. Presente na história do cinema, a temática migratória encontra-se fortalecida no 5º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que entre a extensa programação dá espaço às narrativas migratórias, que nas imagens em movimento questionam as movimentações de suas personagens e imagens constituídas de paisagens e espaços do habitar.
A arte em movimento representa o movimento migratório, acompanhando as transformações sociais que ocorrem nas saídas e retornos, transpondo para a tela do cinema deslocamentos e afetos daquele que transita.
Entre Cercas é um filme francês em que Avi Mograbi e Chen Alon se encontram com africanos que estão em busca de asilo em um centro de detenção no meio do deserto de Negev. Questionam-se o status dos refugiados em Israel pelo uso de técnicas do “Teatro do Oprimido”: O que leva homens e mulheres a largarem tudo para irem em direção do desconhecido? Por que Israel, a terra dos refugiados, se recusa a considerar a situação dos exilados, arremessados nas estradas da guerra, genocídio e perseguição?
No curta-metragem Mudei seu nome e segui falando dela sem que você soubesse, João Solda dirige a narrativa de Camilo, que como muitos imigrantes cubanos resolveu tocar sua vida longe da Ilha. Duas décadas depois de morar em Paris, Camilo decide realizar o retorno migratório.
![Um Outro Ano Olhar de Cinema](https://escotilha.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Another-Year-2-1024x559.jpg)
Em Um Outro Ano. Shengze Zhu, ao longo de 14 meses, filma 13 jantares da família de um trabalhador migrante. As refeições se desdobram em tempo real, através de 13 sequências estáticas e longas, retratando uma série de ocorrências aleatórias mediadas pelo o boom econômico da China e a urbanização maciça.
Ta’ang acompanha uma minoria étnica da Birmânia; apanhados entre uma guerra civil e a fronteira chinesa, refugiados, forçados a deixarem seus lares, esperam o fim dos conflitos que coagiram milhares de crianças, mulheres e idosos.
O filme Geografia traça os caminhos de Nazareth e Lousaper, que ainda crianças vivenciaram o genocídio armênio, praticado em 1915. O filme acompanha a história dos exilados a partir da aldeia de Burunkişla até Beirute, passando por Cairo, Karantina e um orfanato em Saída, até o encontro de ambos.
Filme argentino de 2014, A Princesa da França integra a Mostra Foco junto de outros filmes realizados pelo diretor Matías Piñeiro. A história retrata o retorno de Victor a Buenos Aires; após um ano da morte de seu pai, ele volta com um trabalho para sua antiga companhia de teatro: realizar uma série latino-americana de peças radiofónicas ao gravar um piloto do último trabalho que realizaram juntos, Trabalhos de Amor Conquistado, de William Shakespeare, no qual ele desempenhou o papel de A Princesa da França.
Em suma, cinema e migrações levantam questões a respeito de experiências transpostas em histórias de personagens que buscam formas de sociabilidades em espaços físicos e afetivos, organizando maneiras de deslocamentos e apropriações de espaços sociais. Organize-se, confira os locais e horários, desloque-se às salas de exibições e bom festival.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.