Há 25 anos, Maria Mariana, Carol Machado, Patrícia Perrone e Ingrid Guimarães ocuparam o palco do porão da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, para promover uma mudança radical na relação dos jovens com as artes cênicas e com as discussões em torno de temas tão sensíveis da adolescência. Presença marcante nas memórias afetivas de brasileiros de todas as idades, Confissões de Adolescente fez sucesso no teatro, na literatura, na tevê e no cinema.
Nem eu mesmo sei direito como explicar o significado de Confissões de Adolescente na minha vida. No auge da adolescência, entre 1993 e 1994, assisti à peça protagonizada pelo quarteto no Guairão. Não só eu, como boa parte dos colegas do ensino médio do Colégio Medianeira e muitos, mas muitos outros jovens.
As sessões estavam lotadas (fenômeno, aliás, registrado em todo país) e a experiência foi transformadora. Era quase uma celebração, um encontro entre amigos, uma troca de experiências sensacional e inesquecível. Lembro que ao chegar à plateia central, dei de cara com um show no palco: o músico Alexandre Vaz e as meninas cantavam de forma descontraída hits de vários artistas.
Confissões de Adolescente fez uma gloriosa trajetória: foi fenômeno editorial, ficou anos em cartaz nos teatros de todo Brasil, revelou muitos talentos, virou série de tevê, retornou aos palcos e também invadiu os cinemas, em 2013.
Criava-se, já nesse instante, o clima propício para o início do espetáculo. Era tudo tão simples, mas ao mesmo tempo tão intenso, sensível e, claro, inspirador. Dali em diante, assisti à peça mais umas duas ou três vezes em novas temporadas na capital e encontrei uma motivação ainda maior para escrever e me envolver cada vez mais com o universo adolescente.
Trata-se de uma fase tão especial, sofrida, complexa, mas marcante. Esse pit stop entre a infância e a vida adulta pede tanta atenção, compreensão, troca e parceria. Muito do que somos para o resto de nossa existência tem a ver com as bem ou mal-sucedidas experiências desse período.
Com o espetáculo de Maria Mariana, filha do dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira, assuntos tidos como proibidos, considerados tabus, começaram a ganhar mais espaço na mídia, na escola e nas próprias famílias. Aliás, como é bom falar de tudo que vem aos turbilhões nos pensamentos: quem somos, o que queremos, o que sentimos, o que desejamos, o que tememos e para onde vamos…
Fenômeno
Confissões de Adolescente fez uma gloriosa trajetória: foi fenômeno editorial (mais de 200 mil livros vendidos), ficou anos em cartaz nos teatros de todo Brasil, revelou muitos talentos, virou série de tevê (que revelou a atriz Deborah Secco), retornou aos palcos, com texto atualizado pelo cineasta Matheus Souza com a colaboração da atriz e cantora Clarice Falcão, e também invadiu os cinemas, em 2013.
Em 2011, tive o prazer de produzir a temporada curitibana do espetáculo com as atrizes Marcella Rica, que integrou recentemente o elenco da novela A Lei do Amor e que atualmente participa do reality show PopStar, ambas atrações da Rede Globo, Bella Camero, que fez o longa-metragem e participa do programa Zorra Total, além de Ana Terra e Marianna Pastori. Parte da equipe técnica e de apoio também participou da montagem original, ou seja, foi uma viagem no túnel do tempo.
Com o lançamento do filme nos cinemas, estive diretamente envolvido na pré-estreia exclusiva na capital paranaense. Para essa ação, tive a honra de reunir jovens músicos e bandas parceiras que fizeram sua versão de “Sina”, de Djavan, canção-tema da série de tevê e do filme. Foi muito legal, confiram o resultado:
Confissões de Adolescente faz parte de doces lembranças da minha vida e vai acompanhar ainda muitas gerações.