Os brasileiros ficaram comovidos com a decisão de Lucas Koka Penteado em não permanecer no reality show Big Brother Brasil, da Rede Globo. Nos últimos dias, a via crucis do jovem artista, de 24 anos, mobilizou as redes sociais e gerou muitas indagações sobre assédio moral, racismo, homofobia e outras questões urgentes.
Horas antes de sua saída, no dia 7 de fevereiro, Lucas protagonizou o primeiro beijo entre homens da história do programa. Um fato que conquistou a audiência e levantou polêmica na casa, sendo sua bissexualidade fio condutor para a sua desistência.
Ligado ao samba, sua família faz parte da fundação da escola de samba Vai-Vai, uma das mais conceituadas do carnaval paulistano, Lucas Koka Penteado leva à risca também a ideia de que o ‘hip-hop salva vidas’
A coluna desta semana pretende fugir das polêmicas em torno do BBB para mostrar a faceta criativa e representativa de Penteado. Apresentado a todo Brasil por conta de Malhação – Viva a Diferença, escrita por Cao Hamburger e exibida entre 2017/2018, Lucas conquistou o país como Fio, um jovem da periferia, apaixonado por dança, rap e que sentiu na pele toda a sorte de preconceitos.
Viva a Diferença garantiu à Globo a conquista do Emmy Internacional Kids 2018 na categoria série. Maior audiência de Malhação desde 2009, a trama repercutiu nas redes sociais e conquistou a crítica especializada. Por conta da pandemia, foi reapresentada entre 2020 e o início deste ano (a novela teve seu último capítulo exibido às vésperas da estreia do BBB).
Ativista
Antes de ser apresentado a todo Brasil, Lucas, rimador de talento, já havia ganhado notoriedade por ser ativista no movimento dos jovens secundaristas que ocuparam escolas em São Paulo com o objetivo de lutar por uma educação de qualidade. Seu engajamento na causa fez parte do documentário Espero Tua (Re)volta, de Eliza Capai, vencedor de dois prêmios no Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Ligado ao samba, sua família faz parte da fundação da escola de samba Vai-Vai, uma das mais conceituadas do carnaval paulistano, Lucas Koka Penteado leva à risca também a ideia de que o “hip-hop salva vidas”. Ele tornou-se um grande representante das batalhas de poesia falada dos slams.
Para quem não conhece, o slam poetry, que surgiu nos EUA nos anos de 1980, mistura poesia, educação e protesto. Ferramenta fundamental para o empoderamento individual, é essencial também para a superação de barreiras – com a timidez – e para a organização política coletiva. O movimento é aliado das causas sociais, garantindo visibilidade para as questões negras, indígenas, LGBTQI+, feministas, entre outras.
Com a saída do BBB, Lucas Koka Penteado encontrou fora da casa mais vigiada do Brasil o acolhimento e compreensão negados pelos demais confinados. Além de adotar medidas legais contra vários participantes, o jovem foi ainda surpreendido com a mobilização do público e de personalidades de diferentes áreas. A ideia é garantir ao jovem o dinheiro necessário para comprar a casa que prometeu à sua mãe. Com certeza, ele já garantiu muito mais que o prêmio de R$ 1,5 milhão. Voa, garoto!