Julinho e Miquimba são dois fortes e marcantes personagens da literatura infantojuvenil brasileira. Nas últimas duas décadas, essa dupla comoveu e sensibilizou jovens leitores diante da narrativa de uma improvável amizade entre dois garotos de realidades bastante distintas.
Em tempos de pandemia do novo coronavírus, vale a pena revisitar obras inspiradoras. Mais que isso: é um momento oportuno para homenagear e enaltecer autores capazes de tocar os adolescentes com suas criações. Em 2020, por exemplo, Carlos Eduardo Novaes chega ao 80º aniversário.
Cronista, romancista, contista e dramaturgo, Novaes é autor de O Imperador da Ursa Maior, obra que tem como protagonistas os já citados Julinho e Miquimba. Ágil e surpreendente, o livro, em suas pouco mais de 200 páginas, traça um panorama da realidade da adolescência e do próprio país, com direito a muita ação, humor, drama e discussões pra lá de necessárias.
Para construir tal cenário, o escritor nos coloca diante dos dilemas de Júlio, um adolescente de classe média alta, e de Mário, o Miquimba, um jovem que sobrevive nas ruas. O roubo de um tênis coloca os dois lado a lado.
Julinho vive em conflito com o pai, um grande empresário que tem muitos planos para o filho. Aliás, por ser bastante autoritário, Alberto é incapaz de entender os sonhos e desejos do menino. A mãe, Vera, tenta administrar os conflitos dentro de casa, muitas vezes sem sucesso.
Ágil e surpreendente, o livro, em suas pouco mais de 200 páginas, traça um panorama da realidade da adolescência e do próprio país, com direito a muita ação, humor, drama e discussões pra lá de necessárias.
Decidido a dar uma lição no garoto que assaltou seu filho, Alberto pede ao segurança da sua fábrica que encontre o garoto de rua para se vingar. Ao receber o tênis de volta, Júlio tem certeza que o pai fez algo muito grave para conseguir recuperá-lo.
Incomodado com a situação, ele vai atrás de Miquimba e desse reencontro nasce uma amizade inesperada. De realidades completamente diferentes, os personagens reforçam aspectos da desigualdade social e do preconceito racial verificados em nosso país. Além disso, vivem situações intensas e típicas da adolescência.

Estrelas
Um dos momentos mais tocantes da obra diz respeito à paixão de Miquimba pelas estrelas. Ao lado de Julinho, ele dá uma verdadeira aula sobre as constelações, sobretudo ao falar sobre a sua preferida: a Ursa Maior, que não por acaso surge no título do livro.
Emocionante, O Imperador da Ursa Maior tem um final que dificilmente não vai levar o leitor às lágrimas. O texto tem momentos muito marcantes, que valem a reflexão e até boas discussões em casa. Bastante adotada em escolas, a obra, publicada pela Editora Ática, continua atualíssima.
Vale também explorar o universo de Carlos Eduardo Novaes. Entre seus títulos infantojuvenis, destacam-se obras como A Lágrima do Robô, O Menino Sem Imaginação e Juvenal Ouriço Repórter. Fica a dica…