Abro espaço na coluna “Vale um Like” desta semana para uma reflexão bastante necessária. Infelizmente, na última década, os grandes veículos de comunicação deixaram de lado a produção de conteúdo dirigido às crianças e adolescentes.
De fato, sempre foi muito polêmico o tratamento destinado pelas empresas de referência do setor a essas audiências. Os produtos, de maneira geral, [highlight color=”yellow”]eram marginalizados nas redações[/highlight]. Pouco investimento, quase nenhuma valorização dos profissionais envolvidos e uma falta de respeito sem medida com esses públicos.
É interessante observar que tal comportamento é contraditório, pois uma das premissas dessas instituições é a formação e renovação de leitores e espectadores como garantia do êxito dos negócios. Com o boom das redes sociais e do compartilhamento de informações em variados canais, esse assunto fugiu completamente da pauta.
Mesmo com o fenômeno dos youtubers e a expansão do meio digital, falta o que chamo de ‘provocar inspiração’. A infância e a adolescência são fases abertas a boas experiências e trocas, desde que promovidas de forma sensível e com bastante diálogo.
Mesmo com o fenômeno dos youtubers e a expansão do meio digital, falta o que chamo de “provocar inspiração”. A infância e a adolescência são fases abertas a boas experiências e trocas, desde que promovidas de forma sensível e com bastante diálogo.
Uma vivência bem-sucedida nestes períodos pode gerar transformações incríveis. Cá entre nós, o que mais falta neste momento é referências, espaços reais de interação e que possibilitem a multiplicação de talentos.
Dito isso tudo, quero compartilhar uma inquietação. A ausência de canais comprometidos de fato com esses públicos deixou tudo muito artificial. Sinto falta do real protagonismo juvenil, não apenas essa reprodução maciça de fórmulas ou tipos.
Ao mesmo tempo que colecionam seguidores, os jovens redobram o isolamento dia após dia. [highlight color=”yellow”]Tornam-se egoístas, céticos, incapazes de enxergar o mundo além das suas telas e dos seus “mundinhos perfeitos”[/highlight]. Ok, a perfeição acaba no primeiro obstáculo, no tropeço inevitável, que muitas vezes pode ser o suficiente para que desistam de tudo.
Com um mundo cada vez mais confuso e dividido, o que esperar das novas gerações? Brinco que os adultos pulam o “abismo da adolescência” sem olhar para trás. Esquecem que já passaram por isso tudo. É mais confortável e menos dolorido, concordam?
Fácil demais olhar de cima pra baixo, sem dó ou piedade. “Nunca ouvi falar disso, só podia ser coisa de adolescente. São alienados mesmo, complicados”. Será? Exatamente para que não haja mais tanto rancor e infelicidade na vida adulta, temos que fazer da infância e da adolescência celeiro para grandes experimentos e vivências.
Informação gera transformação, desde que produzida com respeito. Aos produtores de conteúdo, sejam eles jornalistas ou não, fica o desafio: participem, façam parte de verdade do cotidiano desses jovens, sejam capazes de conquistar a confiança deles. O segredo do êxito de qualquer iniciativa voltada ao público infantojuvenil está na parceria, na sinceridade e no respeito. Uma sintonia que, com certeza, vale um like…