Fiquei pedindo mentalmente para que não acontecesse de novo tão cedo. Sabia que era inevitável, a gente não escolhe quando vai se sentir assim, mas podia demorar um pouco, só um pouquinho. Eu merecia me recuperar do que havia vivido antes, foram tempos difíceis que marcaram a alma.
Rezei, forcei um pensamento positivo e prometi: quando voltasse a acontecer, eu não sofreria como antes.
E então, sofri mais que antes – mas, pelo menos, cumpri minha promessa.
Não teve jeito, ela simplesmente apareceu na minha vida. Chegou de mansinho, foi me transformando, de repente mudou o meu mundo. Tentei ser forte e neguei o que sentia no início, mas eu sabia que ela já tinha me dominado por completo. Era parte de mim.
“Rezei, forcei um pensamento positivo e prometi: quando voltasse a acontecer, eu não sofreria como antes. E então, sofri mais que antes – mas, pelo menos, cumpri minha promessa.”
Fizemos tudo juntos. Durante vários dias acordamos juntos, caminhamos juntos, lanchamos juntos, dormimos juntos e dividimos noites inesquecíveis, cheias de calor, sem conseguir pregar os olhos. Compartilhamos pequenos pensamentos de fúria e olhares de tristeza.
Por sua causa deixei de ir a festas, encontrar meus amigos e jogar videogame, mas não enxerguei problemas em nada disso: com ela ali, não sobrava vontade para nenhuma dessas atividades.
Incontáveis vezes repeti para mim “até quando isso vai durar? Será que outras virão?”, e mergulhei em pensamentos obscuros que me afundaram ainda mais.
Até que chegou o dia: eu acordei e ela não estava mais lá. Da mesma maneira que chegou, partiu sem aviso prévio, como se a nossa história nunca tivesse acontecido.
Se eu sinto falta das nossas tardes em casa? Nenhuma. Foi a gripe mais filha da puta que eu já peguei.