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Home Crônicas Henrique Fendrich

São João do Frio

porHenrique Fendrich
29 de junho de 2016
em Henrique Fendrich
A A
"São João do Frio", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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São João será o batista, será o discípulo mais amado? Já não importam muito os motivos que nos levam à festa, sobretudo nesses tempos em que tão pouco há para se comemorar. Abracemos, pois, São João, mesmo no sul, mesmo onde a festa não é feriado e tudo se resume a um pátio de escola com algumas barraquinhas. Mas deve ter havido algum desentendimento nas hostes celestiais, pois do contrário São Pedro não teria armado um tempo como esse, tão frio, congelante, que ninguém teria saído de casa se não fosse para ver os filhos dançarem quadrilha.

Mas que estou dizendo? Já não há mais quem dance quadrilha, nem mesmo em festa junina, a moda agora é pegar apenas um trecho de uma música caipira, só para manter a tradição, e misturar com algum ritmo moderno, um ritmo que as crianças gostem de ouvir. Os pais apareceriam de qualquer forma e, enquanto esperam que seus filhos se apresentem, compram pipoca, cachorro-quente, espetinho, o pinhão, que só tem aqui no sul. Não tomam quentão, já que é uma festa de escola, mas há um tal de sucão, e é com ele mesmo que se evita o congelamento total.

Abracemos, pois, São João, mesmo no sul, mesmo onde a festa não é feriado e tudo se resume a um pátio de escola com algumas barraquinhas.

Curiosamente, há uma fogueira, uma fogueira que é acesa no auge da festa, uma fogueira alta, bonita, mas uma fogueira que fica tão longe, por razões de segurança, que ninguém pode se aproximar para se beneficiar do seu calor. A coisa anda perto dos três graus, os pais não querem ficar muito tempo, mas ainda levam as suas crianças para a pescaria, a tradicional pescaria, que é, de longe, a atração que mais faz sucesso na festa, por mais que os brindes sejam coisinhas simples que não valem R$ 1,99.

E quando todas as crianças já se apresentaram, e quando todos os pais já voltaram para as suas casas aquecidas, e quando a comida das barraquinhas já começou a acabar, a festa esvazia, mas não termina, não pode terminar, porque ainda tem a queima de fogos, e a queima de fogos tem horário específico para acontecer, não dá para adiantar porque foi agendado com os bombeiros, e sem os bombeiros não se pode soltar fogo nenhum. A diretora da escola caminha para lá e para cá, tenta animar os que ainda ficaram, fazer com que fiquem um pouco mais. Alguns concordam, ficam encostados em algum canto, se abrigam do frio, não fazem outra coisa além de esperar.

É um certo fim melancólico de festa, mas os fogos, ah, os fogos sempre são os fogos, e as trinta, quarenta pessoas que restaram olham embevecidas para o céu multicolorido a explodir acima de suas cabeças. Não dura muito tempo, é verdade, e para piorar o último fogo estourou no chão, mas é bonito, muito bonito isso que a gente vê. Na igreja ao lado do colégio, o padre estava terminando a missa no momento dos estouros, e ainda sugeriu aos fiéis que dessem uma passada por lá para ver a festa, mas ele não tinha como saber que já não havia mais o que ver.

Ainda são oito horas da noite, em outros tempos a festa ainda estaria começando, mas agora já não há motivo que nos faça virar picolé aqui, e então a gente se vai, todos se vão, menos o pessoal que trabalha, o pessoal que precisa contabilizar a venda dos cartões para saber se a festa foi um sucesso ou não. É assim o nosso São João, que pode ser o batista, pode ser o amado, mas é, sobretudo, o do frio.

Tags: Crônicafesta juninafrioSão João

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