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‘Meu Amigo Dahmer’ e a gênese dos monstros

Em 'Meu Amigo Dahmer', graphic novel publicada pela Darkside, Derf Backderf explora os demônios de um dos mais perversos assassinos da história.

porLuciano Simão
14 de agosto de 2017
em Literatura
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'Meu Amigo Dahmer' e a gênese dos monstros

Imagem: Reprodução.

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Uma silhueta solitária caminha pela estrada, monocromática e silenciosa. Acompanhamos o ritmo de seus passos, apresentados em sucessão mecânica como as engrenagens de uma máquina. No meio do caminho, a carcaça de um gato morto. Uma mistura agonizante de horror e fascínio diante da presença física da Morte contorce o rosto do garoto, dotado de feições estranhamente adultas. Suando frio, o rapaz pega o corpo do gato do chão – e esse encontro é nosso primeiro contato com Jeffrey Dahmer, o insano serial killer americano cujas origens são exploradas na HQ Meu Amigo Dahmer (publicada pela DarkSide).

Brilhantemente escrita e ilustrada pelo cartunista Derf Backderf, Meu Amigo Dahmer é um estudo da gênese de um monstro, uma análise das circunstâncias trágicas que transformam um transtorno mental em verdadeira perversidade. A evolução de Dahmer de um estudante solitário a psicopata necrófilo e canibal é retratada por meio das experiências pessoais do próprio cartunista, que conviveu em proximidade com o serial killer em seus anos de escola.

Além de narrador, Backderf é também personagem central da história, e são suas percepções e observações – somadas aos relatos de seus colegas de sala – que formam o alicerce de sua reconstrução meticulosa da metamorfose de Dahmer em notório assassino.

Embora não exija do leitor conhecimento prévio do histórico de Dahmer, o impacto emocional dessa jornada –permeada de um magnetismo mórbido – é maximizado quando se mantém em mente o quão hediondos e monstruosos seriam seus crimes subsequentes. Pode-se observar, desta forma, a evolução dos desejos sombrios e maneirismos bastante peculiares que viriam a formar a base de seu cruel modus operandi.

Um dos triunfos de Backderf é justamente sua habilidade em retratar Dahmer como uma figura trágica cujo destino não poderia ter sido outro.

Um dos pontos fortes de Backderf é justamente sua habilidade em retratar Dahmer como uma figura trágica cujo destino não poderia ter sido outro (dadas as circunstâncias sociais, escolares e familiares que potencializaram seu desequilíbrio mental), ao mesmo tempo em que não faz apologia ao assassino, jamais justificando as inimagináveis atrocidades que o ex-colega viria a cometer.

Ainda, não se pode ignorar a importância da arte do cartunista, cujas ilustrações ressaltam as expressões faciais e contorções particulares da linguagem corporal do assassino. No mundo colegial criado por Backderf, adolescentes têm traços de adultos, e todos parecem esconder – detrás de rostos ora apáticos, ora exageradamente expressivos – loucuras e tormentos particulares, quase análogos aos demônios do próprio Jeffrey Dahmer.

É certo que, por se tratar de uma narrativa ao mesmo tempo biográfica e autobiográfica, o roteiro e o traço pouco importariam sem um robusto embasamento na realidade dos fatos ocorridos, e este é outro triunfo de Meu Amigo Dahmer. Para comprovar a veracidade de sua abordagem, Backderf realizou um trabalho exemplar de apuração jornalística, baseado em extensas entrevistas e pesquisas dos depoimentos de todos os envolvidos no caso, inclusive as confissões do próprio assassino. Todo este material suplementar está disponível para consulta no apêndice da obra – quase 100 páginas de ilustrações adicionais, detalhes biográficos e referências para praticamente cada uma das 190 páginas de narrativa.

Por si só, esse material já valeria a compra para qualquer leitor interessado em vislumbrar o funcionamento doentio de uma das mais perturbadas mentes assassinas da história. Somando embasamento histórico a tamanha riqueza de conteúdo e arte, Meu Amigo Dahmer é uma HQ de guardar na estante.

MEU AMIGO DAHMER | Derf Backderf

Editora: DarkSide;
Tradução: Érico Assis;
Tamanho: 288 págs.;
Lançamento: Junho, 2017.

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Tags: cartunistaCrítica LiteráriaDarkSide BooksDerf Backderfgraphic novelHQJeffrey DahmerLiteraturaMeu Amigo DahmerResenhaSerial Killer

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