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‘A Morte e o Meteoro’: os índios anarquistas de Terron

Em ‘A Morte e o Meteoro’, Joca Reiners Terron une a extinção da Amazônia, índios deslocados, rituais alucinógenos e astronautas chineses.

Arthur Marchetto por Arthur Marchetto
23 de janeiro de 2020
em Ponto e Vírgula
A A
A morte e o meteoro, de Joca Reiners Terron

Capa de 'A morte e o meteoro', lançado pela editora Todavia. Imagem: Divulgação.

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O primeiro contato que tive com Joca Reiners Terron foi na leitura de Noite dentro da noite, publicado em 2017 pela Companhia das Letras. A narrativa traz a história de um menino sem nome que, filho de uma mulher identificada como Rata com o Homem que se dizia seu pai, tenta reestruturar sua narrativa familiar, desconfiando de qualquer acontecimento puxado pela sua memória nebulosa, danificada pelo uso intenso de barbitúricos.

Entre pântanos e labirintos, em Noite dentro da noite Terron evocou uma sensação onírica e melancólica que esteve presente no seu último lançamento, A Morte e o Meteoro, publicado pela editora Todavia no fim do ano passado. Dessa vez, temos um mundo em que a Amazônia está praticamente extinta e, além de todos os problemas que discutidos ultimamente com a iminência dessa ficção em realidade, o território que resta é também insuficiente para abrigar os kaajapukugi, isolados e em vias de extinção.

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Dessa vez, temos um mundo em que a Amazônia está praticamente extinta e, além de todos os problemas que discutidos ultimamente com a iminência dessa ficção em realidade, o território que resta é também insuficiente para abrigar os kaajapukugi, isolados e em vias de extinção.

Resta ao homem branco que se intitulou protetor dos kaajapukugi, o antropólogo Boaventura, transferi-los para o México como refugiados políticos. No entanto, Boaventura morre de maneira misteriosa e deixa para um colega indigenista, o narrador do livro, a tarefa de completar a transferência dos índios e também um depoimento em vídeo, relatando seu passado e sua relação com os kaajapukugi.

Sem sobrenome e deslocado da sociedade, Boaventura apresenta sua jornada de culpa e redenção com os kaajapukugi (além da curiosidade do personagem percorrer um rio sob um clima úmido e se sentir permeado por um líquen que nos remete ao pyhareryepypepyhare de Noite dentro da noite).

Mas, além disso, outras questões hierárquicas surgem. São névoas relacionadas ao passado da terra, histórias míticas, problemas políticos. Por isso, ao partir dos mitos e suas tradições, a obra entra numa temporalidade cíclica e mostra fins e começos, como um ouroboros. Desses términos, sugeridos desde o título, surgem relatos violentos, repletos de órfãos, viúvos e suicidas. Há também uma ausência latente de mulheres e crianças. São diversas extinções.

Por outro lado, nessa construção há ricas metáforas e imagens associadas aos elementos da natureza, como o nascimento dos kaajapukugi, por exemplo: “Para Boaventura, o espanto não poderia ser maior, pois ele sabia que os primeiros kaajapukugi tinham sido exterminados por volta dos anos 20, na sequência de invasões do território kugi. Aqueles dois povos sobreviventes, portanto, cuja força se devia à união do gato selvagem com a capacidade regenerativa do lagarto, agora miscigenados em felino-réptil para enterrar suas diferenças, escolheram ser chamados pelo nome dos irmãos aniquilados, metamorfoseando-se em kaajapukugi”

Além disso, o papel de um besouro hematófago é de suma importância para a narrativa. Se em Noite dentro da noite o papel de um líquen é determinante em alguns momentos, em A Morte e o Meteoro os kaajapukugi organizaram suas vidas ao redor do ciclo de um inseto enorme encontrado apenas em uma ilha misteriosa dentro da floresta. Sua carne é a matéria-prima para o tinsáanhan, um pó alucinógeno consumido ritualmente como rapé. Com o fim da floresta, a reprodução do besouro se torna impraticável e, consequentemente, extingue-se também os rituais kaajapukugi, totalmente desenraizados.

Mescla-se à trama alguns elementos de ficção científica. Enquanto narra a transposição dos kaajapukugi, algumas vezes descritos como seres de outros planetas, o funcionário mexicano transcreve as notícias que recebe sobre uma missão espacial chinesa que tem como objetivo colonizar Marte. Somente no final (apressado) do livro, antes da morte e do meteoro, que entendemos a relação entre os chineses, o planeta vermelho e os kaajapukugi. Desse fim, surge um novo começo.

A leitura do livro talvez seja um tanto necessária nesse momento em que vivemos, se não como presságio, como aviso. É preciso pensar sobre as consequências das ações tomadas, sobre as políticas ambientais. Refletir sobre as maneiras de adiar o fim do mundo, como já disse Ailton Krenak. Um bom caminho para começar talvez seja na absorção da mensagem dos Índios Metropolitanos anarquistas, dada logo na abertura do livro: “Nenhum homem é rei de porra nenhuma”.

A MORTE E O METEORO | Joca Reiners Terron

Editora: Todavia;
Tamanho: 120 págs.;
Lançamento: Outubro, 2019.

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Tags: a morte e o meteorocrítica literáriaíndiosJocaJoca Reiners Terronliteraturaliteratura brasileiraLiteratura brasileira contemporâneaLiteratura Contemporâneanoite dentro da noiteresenhaTerronTodavia
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