Oito anos se passaram desde que a Fever Ray lançou seu álbum homônimo e agora ela retorna para nos guiar novamente para seu universo único. Pseudônimo da sueca Karin Dreijer Andersson (aparentemente ela tem abandonado o uso do Andersson), o Fever Ray surgiu em um espaço de hiato de sua banda principal, o The Knife.
Com seu disco de estréia de 2009, Fever Ray foi super bem recebida, figurando em quase todas as listas de melhores daquele ano. Faixas do disco aparecem em trilhas de filmes do Xavier Dolan e “If I Had A Heart” virou a trilha de abertura do seriado Vikings. Mesmo com todo o respaldo que o projeto recebeu, nunca se tinham informações suficientes sobre um possível retorno do projeto, especialmente pelo fato de Karin e Olof Dreijer (irmão dela e outra metade do The Knife) serem extremamente misteriosos e avessos à mídia.
Curiosamente, alguns meses atrás o (teoricamente finado) The Knife lançou um DVD ao vivo com trechos da sua última turnê e na mesma época entrou nos catálogos de streaming o disco de estreia da Fever Ray. Nesse sentido, foi uma surpresa quando nesse mês de outubro, do nada, Karin começou a postar pequenos vídeos de teaser e logo lançou o clipe neon-futurista e fetichista da faixa “To The Moon And Back”.
Menos soturno que seu primeiro disco, esse novo trabalho não busca repetir as mesmas fórmulas anteriores.
A nossa Fever Ray está vivíssima: na última semana, ela lançou o disco Plunge e sua inventividade e genialidade seguem com tudo. Menos soturno que seu primeiro disco, esse novo trabalho não busca repetir as mesmas fórmulas anteriores, ele na verdade se comunica bastante com o universo apresentado pelo The Knife em seu último disco, Shaking the Habitual.
O disco foi todo gravado em Estocolmo, no próprio estúdio de Dreijer, com parceria dos produtores Paula Temple, Deena Abdelwahed, NÍDIA, Tami T, Peder Mannerfelt e Johannes Berglund. Apesar desses nomes na ficha técnica, [highlight color=”yellow”]o álbum é quase inteiramente composto por Karin e funciona em sua multiplicidade graças à mão firme dela.[/highlight]
Plunge passeia por diferentes universos da música eletrônica, do synthpop ao krautrock, flertando com um bocado dessas tags e subgêneros, tudo liquidificado nesse universo completamente maluco em que o Fever Ray habita. E apesar da diversidade sonora do disco, em nenhum momento ele soa bagunçado ou exagerado, ele parece feitinho para ser ouvido em sequência, enquanto jogamos nossas perucas pro alto.
![Fever Ray e seu look careca-futurista do clipe "To The Moon And Back" Fever Ray e seu look careca-futurista do clipe "To The Moon And Back"](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2017/10/21618014_10156871598868902_3417316802649461527_n-300x300.jpg)
Numa linha explicando-para-confundir-confundindo-pra-esclarecer, Karin publicou uma espécie de release do disco em seu site. De verve poética e complexa, o texto abre margens para distintas análises sobre o disco, já que ela diz: “o objeto dessas músicas é o amor e o tema dessas músicas é a perda, nesse sentido, objeto e tema são geneticamente parecidos” (tradução livre). No todo, fica bem claro que [highlight color=”yellow”]este é um disco de amor, amor dentro desse universo de caos e intensidade da Fever Ray.[/highlight]
Dentro desse jogo de amor há ainda o sexo e essa intensidade de compreender a nossa própria sexualidade no meio dos jogos de poder do mundo. Enfim, vale se aventurar no texto original em inglês de Karin e, junto disso, ouvirmos com atenção faixas como “IDK About You” e “This Country”, dos fortes versos “Free abortions and clean water / Destroy nuclear / Destroy boring” e de refrão quase punk: “This country makes it hard to fuck”!
Enfim, esse texto funciona aqui como uma avaliação prematura, de quem está imerso em Plunge, tateando as beiradas e dançando junto de Fever Ray. A conclusão é que esse retorno dela é mais que necessário e de alta qualidade: ouçamos juntos e no repeat para que sigamos conversando e descobrindo mais desse álbum.
A versão física de Plunge, em CD e LP, sairá só no final de fevereiro de 2018, mas apesar dessa demora, Karin confirmou que deve sair em turnê com o projeto no próximo ano. Oremos para que ela venha para estas bandas.