Era uma daquelas sextas-feiras ordinárias de final de ano quando, por milagre, acordei mais cedo que de costume e me preparei para cumprir os deveres da rotina. Enquanto havia tempo hábil, acessei a internet para acompanhar as primeiras notícias.
Havia algumas coisas sobre a política: pauta de impeachment, ocupações escolares, investigações e tantas coisas. Mas em meio a elas, fui extremamente incomodado pela morte de Scott Weiland, aos 48 anos de idade. O Minneapolis Star Tribune noticiou que, de acordo com a polícia, havia cocaína espalhada em seu ônibus de turnê, o que também causou a prisão de seu companheiro de banda, Delton Black, por porte da substância (leia aqui).
Com Weiland encontrado morto, mais um nome de peso do grunge deixava seus fãs e se juntava a outros que partiram cedo demais.
Dono de uma capacidade vocal admirável, o ex-frontman dos Stone Temple Pilots e também ex-vocalista do Velvet Revolver, onde dividiu as atenções com nomes brutos do rock, como Slash, Duff McKagan e Matt Sorum, com certeza foi uma das peças fundamentais tanto para o crescimento da cena grunge ao redor do mundo, como na capitalização de fãs entre aquela meninada dos anos 80 e 90. O álbum Core, de 1992, foi o cartão de visitas da banda de San Diego, no movimento do Seattle Sound.
![Scott nos Stone Temple Pilotes Foto: artistdirect.com](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2015/12/scott_stone.jpg)
Dono de uma capacidade vocal admirável, Weiland foi uma das peças fundamentais para o crescimento da cena grunge ao redor do mundo.
O álbum, considerado tão épico quanto outros famosos grunges anthems, como Nevermind, do Nirvana e Ten, do Pearl Jam, trazia faixas extremamente contagiantes, como “Sex Type Thing” e “Plush”, e faixas incrivelmente melódicas, como “Creep” e “Where the River Goes”. Em meados dos anos 90, após o lançamento de Purple, os STP já haviam atingido grande popularidade ao lado do próprio Nirvana, do Pearl Jam e também do Alice in Chains.
Com o Velvet Revolver, Scott Weiland gravou os incríveis Contraband e Libertad, eternizando vocais ainda mais potentes nos riffs de Slash, como “Sucker Train Blues”, “Slither” e “She Builds Quick Machines” e nos solos incríveis de “Fall to Pieces” e “The Last Fight”.
![Scott Weiland no Velvet Revolver Foto: Brooke Ismach](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2015/12/scott_weiland_velvet-1024x724.jpg)
Tudo parecia muito lindo por trás de uma carreira brilhante e de sucesso de um dos maiores vocais daquela geração. Mas por trás de todo esse cenário de maravilhosas canções e bandas incríveis, havia muitos episódios tristes envolvendo drogas e confusões que davam mais material para alimentar a famigerada teoria da maldição do grunge.
Tim Zone, do inglês The Guardian, já havia noticiado o grunge como um dos gêneros musicais mais fatais da música (confira aqui). Entretanto, o cenário predominante no grunge fazia jus ao nome do estilo, carregado por consumo exagerado de drogas, overdoses e suicídios, muito disso creditado ao aspecto do ódio próprio e do lírico niilista.
Layne Staley e Mike Starr, ambos do Alice in Chains, já tinham sido vítimas da overdose de heroína, assim como Kristen Pfaff, ex-baixista do Hole. Do outro lado, Andrew Wood foi vítima de um aneurisma hemorrágico após uma overdose, enquanto Kurt Cobain tirava sua própria vida após o uso de heroína. Não à toa, ainda paira e cai sobre o grunge o aspecto cinzento e triste, principalmente estampado por todos esses episódios.
![Kurt Cobain, do Nirvana e Layne Staley do Alice in Chains. Ambos faleceram no dia 5 de abrik; Kurt em 1994, Layne em 2002 Foto: Divulgação](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2015/12/kurt_layne.jpg)
Em relação às confusões, Scott Weiland teve autos e baixos por seu comportamento com as drogas. Em 1995, o músico havia sido sentenciado à liberdade condicional por comprar crack e cocaína.
Após cumprir a sentença, ao invés de se livrar delas, Weiland aumentou seu consumo, principalmente com Courtney Love, que já havia declarado que usavam drogas o tempo todo na época.
Graças a isso, Weiland teve momentos turbulentos entre suas passagens pelo Stone Temple Pilots e pelo Velvet. Em 2002, após os STP terminarem, Scott assumiu o vocal do Velvet, de onde foi tirado em abril de 2008 devido aos seus problemas com droga; após sua saída, os STP se reuniram de novo, mas de novo com a saída de Scott no final de 2013, sendo substituído por Chester Bennington, do Linkin Park, o que gerou muitas críticas por sua parte em relação aos antigos companheiros e a formação de seu último trabalho, com a banda Scott Weiland and the Wildabouts.
A música perde mais um de seus grandes talentos e que nos deixou de presente um legado espetacular, com muitas canções inesquecíveis e um gênero fantástico. A nós, que somos fãs, fica aqui apenas o nosso agradecimento a Scott Weiland por isso.
Descanse em paz, Scott. E obrigado.