Verão, a tranquilidade na praia, o sol quente que arde na pele e o afago do vento que passa e delicadamente se esfrega junto ao corpo. O fim da tarde que traz serenidade e paz junto do ar puro e fresco da noite que está para cair. Entrei nessa cena, clareei a cabeça e me transportei para um dia bom. Menos de duas músicas foram capazes de me tirar do lugar. Pediram para eu ficar de boa. Eu fiquei.
A imagem é boa, não é? Quem pintou foi um grupo de amigos de Alagoas e Pernambuco, em um disco lançado na reta final de 2015, mas que vale cada compartilhamento mesmo que tardio na velocidade com que as coisas andam na internet ultimamente. Afinal, é a calma e a falta de pressa que eles pregam mesmo. O nome deles é The Mozões (sim, sério), o disco é homônimo e foi lançado online, e eles são um coletivo de músicos, escritores, fotógrafos, documentaristas e outras dessas profissões que fazemos mais com o coração do que com o cérebro.
“Os mozões não querem ficar milionários, querem apenas celebrar a amizade e ficar de boa vendo o mar, a brisa no final da tarde, aguardando o próximo disco da Lupe de Lupe.” Eles se definem assim, e quer algo melhor? Louvemos os hiperativos, os que retratam a correria do dia a dia e os inquietos, mas louvemos também os que sabem em meio a tudo isso admirar as coisas simples da vida.
Os mozões não querem ficar milionários, querem apenas celebrar a amizade e ficar de boa vendo o mar, a brisa no final da tarde, aguardando o próximo disco da Lupe de Lupe.
O som dos The Mozões é uma mistura litorânea de MPB com indie rock. É como se o Real Estate fosse dar uma volta em Maceió e não conseguisse mais decidir entre um violão singelo ou uma guitarra. “Cassia e a Avenida” e “Julia 2” abrem o disco mostrando de cara o lado mais sutil da banda, composições simples e belas que desenham a cena que abre esse texto. “Fique de Boa” vem na sequência com pegada maior de surf rock, mas nunca com pressa, nunca urgente.
O talento da garotada envolvida na banda é evidente. Mesmo com o mantra de levar a vida mais devagar, eles gravaram e produziram o disco inteiro em alguns meses. Os arranjos são bem pensados, a produção é boa e o disco é ótimo como um todo, algo que normalmente não acontece em trabalhos de estreia.
As composições falam de romance, do dia a dia na cidade e sobre tranquilidade, sempre com toque esperançoso e sereno. As vozes mantém o tom calmo, como se fosse um amigo deitado ao seu lado na areia da praia olhando para o céu tentando formar desenhos nas nuvens. As músicas passam e quando você percebe já não vê mais as nuvens e está escuro. Escutar o disco dos The Mozões dá vontade de sentir uma brisa no rosto.
Então fique de boa e deixe o vento bater. Vale a pena conhecer essa banda brasileira.