Na última quinta-feira, 6, estreou A Fórmula, nova minissérie de 8 capítulos da Rede Globo. Criada por Marcelo Saback e Mauro Wilson, a série se mostrou superficial e perde pontos na comparação com sua antecessora imediata no horário, Vade Retro. Mesmo não sendo sucesso de audiência e com falhas no texto, a série de Alexandre Machado e Fernanda Young conseguiu arrancar risadas tratando de temas pesados, como demônios e o fascínio pelo mal, e apostava num humor mais atrevido, brincando com o terror e elementos sacros.
Exibida na faixa das 23 horas, supostamente voltada ao público adulto, a nova minissérie tem como objetivo discutir e falar sobre envelhecimento e a obsessão que as pessoas têm com a aparência, deixando a mensagem que envelhecer é bom e um processo natural. É um assunto sério, mas os autores parecem não confiar na maturidade do espectador e apostam num humor fácil, usando um texto tão leve e despretensioso que soa até meio infantil, em um tom que causaria menos estranheza e se encaixaria melhor se fosse exibida mais cedo, indo ao ar no meio da tarde.
A nova minissérie tem como objetivo discutir e falar sobre envelhecimento e a obsessão que as pessoas têm com a aparência, deixando a mensagem que envelhecer é bom e um processo natural. É um assunto sério, mas os autores parecem não confiar na maturidade do espectador e apostam num humor fácil, usando um texto tão leve e despretensioso que soa até meio infantil.
O cunho abertamente didático pode ser visto já nos créditos de abertura, que foram embalados pela voz de Drica Moraes explicando a premissa do programa: ela vive Angélica, uma cientista de 50 anos que descobriu uma maneira de rejuvenescer três décadas, ainda que por apenas algumas horas.
Aos 20 anos de idade Angélica namorava Ricardo (Fábio Assunção), mas o relacionamento chegou ao fim cheio de questões mal resolvidas. O reencontro, 30 anos depois, aconteceu cheio de mágoas e ressentimentos. Pressionada por um investidor e com raiva do antigo namorado, Angélica decidiu se usar como cobaia e injetou sua fórmula em si mesma, recuperando a aparência da juventude.
Sua versão mais nova, interpretada por Luísa Arraes, é batizada por ela como Afrodite e desperta a paixão de Ricardo, trazendo sentimentos como o saudosismo e até o ciúme. Quando ela vai contar que Afrodite e ela são a mesma pessoa e revelar sua incrível descoberta, Angélica descobre que Ricardo comprou o laboratório no qual trabalha, juntamente com o direito sobre seu estudo de anos.
A ideia inicial é interessante e a temática é explorada de maneira que até diverte, mas não chega a surpreender. Entretanto, se o texto não chamou muito a atenção nesta estreia, o mesmo não se pode dizer do elenco: as performances de Drica Moraes e Luísa Arraes impressionaram. Obviamente elas não contracenam, porque uma toma o lugar da outra, mas a excepcional sintonia é evidente.
Pouco parecidas na vida real, as duas conseguem ficar praticamente idênticas graças a um meticuloso trabalho de caracterização e, principalmente, de preparação de elenco. As duas atrizes não deixam dúvida ao espectador de que vivem a mesma personagem: a sincronia dos trejeitos e do tom de voz está perfeita. As interpretações das atrizes foi um trunfo poderoso, pois o desempenho das duas foi o grande destaque deste primeiro episódio, salvando a estreia e convidando o público a seguir acompanhando.