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‘Beleza Fatal’ abraça o camp e reinventa o folhetim na era do streaming

'Beleza Fatal' não teve medo de se exibir de maneira excessiva, permitindo-se ao mesmo tempo ser um reflexo e uma paródia do melodrama e da telenovela.

porPaulo Camargo
3 de abril de 2025
em Televisão
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As três estrelas de 'Beleza Fatal'. Imagem: Max / Reprodução.

As três estrelas de 'Beleza Fatal'. Imagem: Max / Reprodução.

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Beleza Fatal, ao fim de seus 40 capítulos, se consolidou como um fenômeno de grande repercussão e um marco na adaptação das telenovelas ao formato de streaming. Produzida pela plataforma de streaming Max, a produção não apenas se destacou pela sua narrativa envolvente e personagens complexos, mas também se apresentou como uma reinvenção do folhetim clássico, agora transposto para uma plataforma digital.

Criada pelo escritor e roteirista Raphael Montes (de Bom Dia, Verônica) e sob a supervisão do teledramaturgo Silvio de Abreu, Beleza Fatal apresentou uma proposta de modernização, mantendo a essência dramática das novelas, mas trazendo à tona as questões da sociedade contemporânea e ampliando os limites do melodrama para uma abordagem mais irreverente e camp, propositalmente exagerada.

Beleza Fatal se diferencia de outras produções de sucesso no streaming, como Verdades Secretas 2 e Todas as Flores (do Globoplay), não apenas pelo conteúdo, mas também pela sua originalidade. A novela foi pensada de forma completamente independente para a plataforma Max, algo que representou um teste de resistência para o mercado de streaming e para o formato de telenovela.

Assim, a produção não só renovou a fórmula tradicional da novela, mas também provou que esse gênero ainda tem enorme apelo, mesmo quando transportado para um ambiente digital – vale lembrar aqui que, agora em exibição pela Band, emissora de tevê aberta, não tem alcançado a mesma repercussão.

Reinvenção do melodrama

Ao criar uma obra pensada para o público do streaming, Beleza Fatal demonstrou que as novelas ainda podem prosperar e ressoar com as tensões de uma sociedade digitalizada e hiperconectada.

O grande atrativo da trama foi a habilidade de combinar o melodrama clássico com os elementos contemporâneos do consumo de conteúdo, trazendo uma narrativa dinâmica, recheada de intrigas e reviravoltas, que tem a capacidade de prender a atenção do público, episódio após episódio.

Ao mesmo tempo, Beleza Fatal subverteu alguns dos tradicionais limites do melodrama, frequentemente caracterizado por exageros emocionais e situações extremas, e fez isso com uma leveza irônica, que abraça os excessos de forma consciente. Essa mistura de drama e exagero em um tom mais camp é uma das características que tornam a novela única dentro do gênero.

O termo camp descreve uma estética que celebra o exagero, a artificialidade e a transgressão das normas, elementos que permeiam Beleza Fatal. Ao criar uma narrativa dramática onde os personagens vivem situações intensas e, muitas vezes, exageradas, à beira do irreal, a novela não apenas explora o melodrama, mas também o reinventa ao aplicar uma camada de ironia e exagero consciente.

O uso do camp, nesse caso, não é acidental, mas uma escolha estilística que explora a teatralidade de personagens e situações para gerar tanto o impacto emocional quanto o riso, a diversão. Beleza Fatal não tem medo de se exibir de maneira excessiva, permitindo-se ao mesmo tempo ser um reflexo e uma paródia do próprio melodrama e da telenovela.

‘Beleza Fatal’: a trama

Camila Pitanga conquistou o público como Lola. Imagem: Reprodução.

A trama de Beleza Fatal se torna ainda mais interessante quando analisada sob a ótica das personagens, especialmente as mulheres. A vilã Lola, interpretada por Camila Pitanga, se torna um ícone justamente por sua interpretação exagerada e cheia de nuances. Lola é uma mulher carismática e manipuladora, meio almodovariana, cuja busca incessante por poder e controle se reflete em ações de vingança e sabotagem, características típicas de uma vilã do melodrama.

A maneira como a personagem se destaca, contudo, não está apenas no seu caráter dramático, mas também na forma como ela se insere dentro de uma estética camp. Lola, graças à composição exuberante de Camila Pitanga, é um espetáculo de excessos, mas é esse próprio exagero que a torna fascinante e tão envolvente para o público. Sua presença nas redes sociais, onde os espectadores discutem e reagem a suas ações, também a transforma em um fenômeno cultural, consolidando sua posição como uma das personagens mais icônicas da trama.

Lola é um espetáculo de excessos, mas é esse próprio exagero que a torna fascinante e tão envolvente para o público.

Além de Lola, a protagonista, a “mocinha” Sofia (Camila Queiroz), também desempenha um papel importante no desenvolvimento da trama. Sua busca por vingança pela morte de sua mãe, uma motivação clássica no melodrama, é tratada com profundidade, mas também com um toque de exagero que torna sua trajetória não apenas dramática, mas quase cômica em alguns momentos.

A construção da personagem de Sofia é complexa, mas sua jornada reflete as tensões do melodrama, especialmente ao colocar em perspectiva as questões morais da vingança e da justiça social. A abordagem de Sofia questiona os limites entre retaliação e compaixão, criando uma heroína trágica, mas também irônica, que faz com que o público se envolva emocionalmente, mas também reflita sobre os excessos de sua própria história. Ela não teve um final feliz, apesar de ter sido bem-sucedida em seu plano de vingança.

Referências a ‘Parasita’

Giovanna Antonelli e Augusto Madeira roubam a cena. Imagem: Max / Reprodução.

Mãe adotiva de Sofia, Elvira Paixão (Giovanna Antonelli) e o marido Lineu (o impagável Augusto Madeira), formam um casal de simpáticos picaretas suburbanos que sobrevivem de aplicar pequenos golpes, mas, contrariando as expectativas, acabam se revelando a reserva ética da novela, em contraponto com a disfuncional e riquíssima família Argento, liderada pelo renomado cirurgião Átila (Herson Capri), um patriarca que esconde a sua homossexualidade há décadas. Os Argento são um poço de vícios, corrupção e mentiras.

Raphael Montes, em seu roteiro, faz referências explícitas ao filme sul-coreano Parasita ao colocar todos os integrantes do clã Paixão infiltrados na mansão dos milionários, para os corroer do lado de dentro, no plano de vingança arquitetado por Sofia.

O uso do melodrama e do camp na construção dos personagens não se limita às vilãs ou às protagonistas, mas permeia toda a estrutura da novela. Os personagens masculinos, como o execrável cirurgião plástico Rog, o Doutor Peitão (interpretado Marcelo Serrado), também são caricaturais em suas ações e motivações, o que reforça o tom irônico da trama.

Cada figura masculina na novela tem algo de exagerado ou anticlímax, o que contribui para o caráter de paródia dentro do melodrama, no qual nada parece completamente sério, mas também é tratado com a intensidade que o gênero exige.

Crítica social

Camila Queiroz em ‘Beleza Fatal’. Imagem: Max / Reprodução.

Outro elemento central da trama é a crítica social, que se desenrola por meio da reflexão sobre o culto à beleza e o impacto das redes sociais – onipresentes na trama. Beleza Fatal explora como a busca incessante por padrões estéticos e a obsessão com a imagem podem moldar a vida das pessoas e afetar suas escolhas.

A novela abraça o exagero do melodrama ao expor a superficialidade das relações sociais e as consequências desse culto à aparência, mas também o faz com uma abordagem camp, que deixa claro que a trama é ao mesmo tempo uma crítica e uma celebração dos excessos da cultura contemporânea.

Beleza Fatal também se apropria de outros temas sociais urgentes, como misoginia, transfobia e os desafios psicológicos que acompanham a busca por aceitação e validação nas redes sociais. Esses temas são tratados com profundidade, mas sempre com a tensão do melodrama, no qual as situações são sempre mais intensas do que a realidade, mas com um toque de exagero e ironia que atenua a seriedade de cada discussão.

O que poderia ser uma narrativa simples de crítica social se transforma em uma série de eventos intensos e dramáticos, que fazem o público se questionar sobre as realidades de uma sociedade movida por valores superficiais.

A estrutura narrativa de Beleza Fatal também se beneficia da flexibilidade do streaming, permitindo que a trama se desenvolva de maneira mais livre e sem as limitações de tempo das novelas tradicionais de TV aberta. Com episódios que variam de duração, a narrativa foi moldada para o consumo em maratona, com reviravoltas e cliffhangers que mantêm a audiência envolvida, presa ao enredo. Isso também contribui para o tom melodramático, pois a novela é capaz de criar clímaxes e situações dramáticas em uma cadência que não teria sido possível com os formatos tradicionais de TV.

Além disso, Beleza Fatal obteve sucesso não apenas pelo seu conteúdo, mas também pelo impacto nas redes sociais. O engajamento do público com a trama, criando memes, discussões e teorias, se tornou um componente essencial para sua popularidade. Esse engajamento digital também reforçou o tom camp da novela, já que a própria narrativa brinca com as expectativas do público, gerando um ciclo de interação que contribui para o crescimento do fenômeno.

Em resumo, Beleza Fatal não só reinventa o folhetim ao incorporar o melodrama e a estética camp, mas também cria uma obra que é ao mesmo tempo uma paródia e uma reflexão sobre as obsessões da sociedade contemporânea. Sua capacidade de equilibrar drama, humor e crítica social, junto com uma trama dinâmica e personagens marcantes, fez dela uma das produções mais inovadoras do streaming brasileiro.

A novela mostra que o melodrama ainda tem muito a oferecer, mas que, ao ser repaginado com um toque de ironia e exagero, pode se reinventar para capturar a atenção de um público que está em busca de algo mais ousado e reflexivo, sem abrir mão do prazer da ficção popular.

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Tags: Beleza FatalCamila PitangaCamila QueirozGiovanna AntonelliMaria de MédicisTelenovela

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